Portugal cai dez posições em ranking climático

Incêndios, carvão, renováveis e política internacional alvo de avaliação mais negativa por organizações ambientalistas internacionais.

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Portugal foi penalizado pelo uso da carvão na produção eléctrica, pelo travão nas renováveis, pelos incêndios florestais e pelas suas políticas internacionais ALAIN JOCARD/AFP

Portugal caiu dez posições num ranking climático internacional realizado por organizações ambientalistas. O país estava na nona posição e agora está na 19.ª, entre 58 países incluídos no Índice de Desempenho em Alterações Climáticas, da organização German Watch e da Rede Europeia de Acção Climática, apresentado esta terça-feira na cimeira do clima em Paris.

O país foi penalizado pelo uso da carvão na produção eléctrica, pelo travão nas renováveis, pelos incêndios florestais e pelas suas políticas internacionais.

O índice dá um valor para cada país, com base numa série de parâmetros. Portugal sai-se bem nas emissões de gases com efeito de estufa, que continuaram a tendência de redução iniciada em 2005. Também tem boa pontuação na eficiência energética e na política nacional, com a aprovação de uma nova estratégia para as alterações climáticas até 2030.

Mas noutros parâmetros, a sua avaliação é pior em comparação com a do ano passado. Um deles é o da produção eléctrica. Devido ao seu baixo preço agora, o carvão tem sido utilizado em força nas centrais termoeléctricas de Sines e do Pego, em detrimento das centrais a gás natural, que são menos poluentes. Em 2013 – ano do qual vem a maior parte dos dados para o índice – o carvão foi responsável por 19% de todas as emissões de CO2 do país, segundo cálculos de Francisco Ferreira, especialista em clima e energia na Universidade Nova de Lisboa. E de Janeiro a Novembro deste ano, 28% da electricidade produzida veio das centrais de Sines e do Pego.

O índice para Portugal foi também prejudicado pelo facto de o país ter demorado a fixar a sua contribuição para o Fundo Climático Verde – criado pela ONU para a adaptação dos países mais vulneráveis às alterações climáticas.

Os incêndios florestais foram outro factor negativo. Em 2013, arderam 153 mil hectares de mato e floresta.

Até as energias renováveis, tidas como um caso de sucesso em Portugal, também penalizaram o país. Embora haja cada vez mais produção de energia renovável, o ritmo do seu crescimento baixou nos últimos anos. “É um facto”, reagiu o novo ministro do Ambiente, Pedro Matos Fernandes, à margem da cimeira do clima em Paris. “Houve um pico muito grande nas energias renováveis durante o governo socialista, que não continuou nos últimos quatro anos de Governo. O PS anotou-o e com certeza que será agora consequente”, disse ao PÚBLICO.

Matos Fernandes considera que, com estes factores, em particular os incêndios de 2013, é natural que se tenha degradado a posição de Portugal – a pior do país desde que o índice foi publicado pela primeira vez, em 2012. Mas afirma: “Acho que Portugal não tem uma fraca performance neste índice. Tem é uma performance mais fraca do que noutros anos”.

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