PCP diz que declarações do embaixador dos EUA são "intolerável ingerência na vida interna"

Robert Sherman disse estar "preocupado" com as alianças políticas do PS à esquerda, dado que BE e PCP são "ferozmente anti-NATO".

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O embaixador dos EUA em Portugal, Robert Scherman Rui Gaudêncio

O Partido Comunista Português considerou esta sexta-feira que as declarações do embaixador dos Estados Unidos em Lisboa, que disse estar "preocupado" com as alianças políticas do PS à esquerda, são "uma intolerável ingerência na vida interna de Portugal".

O embaixador norte-americano em Lisboa, Robert Sherman, disse quinta-feira à noite, em entrevista à Rádio Renascença (RR), estar "preocupado" com as alianças políticas do PS à esquerda, mas salientou que os Estados Unidos "respeitam a escolhas democráticas do povo português.

Questionado pela Lusa sobre esta posição do norte-americano, o PCP disse que "as declarações do embaixador dos Estados Unidos sobre a situação política do país são uma intolerável ingerência na vida interna de Portugal".

"Portugal é um Estado soberano e independente. A sua política interna e externa têm como elemento essencial para a sua condução a Constituição da República Portuguesa", vincou o PCP.

Em entrevista à RR, Robert Sherman afirmou estar "preocupado" com as alianças do PS à esquerda, uma vez que dois dos três partidos do acordo são anti-NATO.

"Temos o PS e António Costa, que reafirmou em larga medida o compromisso do seu partido com a NATO, com a União Europeia e organizações semelhantes. Mas, por outro lado, temos os seus parceiros de aliança, PCP e BE, que têm sido ferozmente anti-NATO. Isso levanta a questão sobre se o compromisso de Portugal, como membro fundador, é firme como sempre foi", destacou Robert Sherman.

O embaixador considerou que o mundo está "a viver tempos muito perigosos e difíceis e, por isso, os compromissos devem ser firmes".

Questionado pela RR sobre se os compromissos expressos por António Costa não são suficientes para garantir que essa relação vai continuar, Robert Sherman respondeu que o "ponto vai ser sobre o que vai ser feito, não sobre o que vai ser dito".

"Com isto, quero dizer que há uma aliança que está a ser proposta com os socialistas, comunistas e o BE. Dois dos três partidos da aliança são anti-NATO e contra o tipo de compromissos que os Estados Unidos consideram que devem ser implementados. O meu pai tinha uma frase que me dizia quando eu estava a crescer: 'Mostra-me quem são os teus amigos, dir-te-ei quem és'. O PS fez agora uma aliança amigável com dois partidos anti-NATO, quero ver como é que isto resulta", vincou,

O diplomata indicou à RR que os Estados Unidos estão a acompanhar "de forma cuidada o que acontece".

Robert Sherman afirmou que a posição dos Estados Unidos passa por garantir que os compromissos colectivos que envolvem os dois países se mantêm.

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