Polícia procurava cérebro dos atentados nas operações em Saint-Denis

Autoridades não identificaram ainda os dois mortos e os sete detidos no raide de sete horas e meia. Pensava-se que o belga Abdelhamid Abaaoud estivesse na Síria, mas a polícia encontrou-lhe o rasto em Paris.

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Uma mulher fez-se explodir e um presumível jihadista morreu ao fim de uma troca pesada de tiros com a polícia francesa no grande raide lançado na madrugada desta quarta-feira a um edifício em Saint-Denis, Paris. O objectivo era encontrar o cérebro dos atentados de sexta-feira, o belga Abdelhamid Abaaoud.

A polícia está ainda a identificar as duas vítimas e não dá ainda resposta à pergunta sobre se orquestrador, que até agora se pensava estar na Síria, foi capturado ou abatido. Ou sequer se entre os detidos estão os dois fugitivos dos atentados de Paris a 13 de Novembro.

A imprensa francesa começou a avançar nas primeiras horas da tarde que poderia haver uma terceira vítima do raide policial. O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, aludiu a esta a possibilidade no Parlamento, onde disse que “pelo menos duas pessoas, talvez mais”, tinham morrido na intervenção da polícia.

Mas, na linha oficial, mantêm-se as informações dadas aos jornalistas pelo procurador de Paris. “É impossível dizer-vos quem é que foi detido”, disse o procurador François Molins, depois das operações. “Estamos num processo de o verificar. Tudo será feito para determinarmos quem é quem.” Molins falará novamente aos jornalistas ao final da tarde desta quarta-feira. Às 18h, hora portuguesa.

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Segundo Molins, a polícia seguiu o rasto de escutas telefónicas e de operações de vigilância que deram o número 8 da Rua Corbillon como um local onde seria provável encontrar o jihadista belga. “Tínhamos elementos que faziam pensar que Abdelhamid Abaaoud estava num apartamento onde se conspirava”, disse.

As trocas de tiros começaram quando a polícia chegou ao edifício, por volta das 4h30 da manhã (menos uma hora em Lisboa). Seguiram-se horas de disparos pesados de parte a parte e explosões – pelo menos sete, segundo escreve o diário britânico Guardian. As estradas foram encerradas e a polícia aconselhou os residentes a não saírem de casa.

“Víamos as balas a voarem e os feixes de luz nas janelas. Depois, explosões. Sentia-se o edifício inteiro a tremer”, disse uma moradora do rés-do-chão do próprio edifício tomado de assalto, identificada apenas como Sabrine pela rádio Europe 1. Nos pisos de cima, assegura, ouviam-se passos agitados, trocas de frases e espingardas automáticas sendo recarregadas.

Foi quando a operação começou a ganhar ímpeto e chegavam reforços da polícia que uma mulher detonou o cinto de explosivos que vestia. Era “jovem”, segundo o procurador da capital. “Tinha uma bomba com ela, isso é certo”, prossegue Sabrine. “A polícia não a matou, ela fez-se explodir.”

Cinco agentes ficaram feridos e um cão-polícia morreu nas operações. Foram detidas três pessoas que se encontravam no apartamento na altura do raide, outras duas que se escondiam no entulho criado pelo ataque e ainda o senhorio da casa e um conhecido seu.

O ministro do Interior falou na Assembleia Nacional sobre as dificuldades da operação em Saint-Denis. "A intervenção desta manhã foi executada sob condições extremamente difíceis e os agentes com que me encontrei depois disseram-me que nunca tinham sido alvo de uma violência tão extrema ou submetidos a disparos semelhantes."

Fugitivos
O alvo das operações em Saint-Denis traz um novo dado à investigação. Abdelhamid Abaaoud era dado na Síria, mesmo quando o seu nome surgiu como o provável mentor dos atentados de Paris. Foi para lá que o belga fugiu das polícias europeias, em Janeiro, depois de ter escapado por pouco a uma operação policial que abateu dois cúmplices seus em Vevriers, na Bélgica. Os três preparavam-se para fazer um grande atentado em Bruxelas. A cara de Abaaoud foi parar aos noticiários e jornais, mas o jihadista conseguiu escapar da Europa e regressar à Síria.

Gabou-se disso mesmo à revista oficial do grupo Estado Islâmico, já com estatuto de celebridade jihadista. “Alá cegou-lhes a visão e consegui sair”, contou à Dabiq. “O meu nome e fotografia estavam em todas as notícias e ainda assim consegui ficar na terra natal deles [europeus], planear operações contra eles e sair a salvo, quando isso se tornou necessário.”

A ser verdade que Abaaoud estava em Saint-Denis, como a polícia francesa pensou, fica em aberto a possibilidade de o belga ter conseguido uma vez mais iludir a vigilância e regressar à Europa. Antes dos ataques em Paris, os serviços de informação europeus já ligavam Abaaoud a pelo menos cinco atentados em França e Belga. Falhados ou não.

Com ou sem Abaaoud, a investigação aos atentados de Paris abriu novas portas na terça-feira. A polícia lançou uma nova caça ao homem e procura agora dois atacantes em fuga e não apenas Salah Abdeslam. A possibilidade de haver um nono extremista começou a adensar-se durante a manhã: foi encontrado um terceiro carro ligado aos atentados, alugado também por Salah e, como as outras viaturas usadas pelos extremistas, de matrícula belga. 

A prova da existência de um novo suspeito chegou pela tarde, sob a forma de um vídeo que mostrou aos investigadores que viajavam três no carro que atacou os restaurantes e bares dos 10.º e 11.º bairros de Paris. Salah e o seu irmão, Ibrahim, que se fez explodir no restaurante Comptoir Voltaire, estavam acompanhados por um outro homem.

Não se conhece ainda a identidade deste nono atacante, ou qual terá sido ao certo o seu papel nos atentados de sexta-feira. Em todo o caso, segundo o diário Le Monde, a maioria dos relatos de sobreviventes aos ataques nos dois bairros parisienses dizem ter visto três homens armados. Algo que bate cerco com as três espingardas automáticas Kalashnikov encontradas num dos carros dos jihadistas.

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