Homem no estádio em Paris foi salvo pelo telemóvel

Três atacantes fizeram-se explodir na zona onde decorria o França-Alemanha. A única vítima neste local foi um português, Manuel Dias, de 63 anos, que trabalhava em França.

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O homem foi atingido com estilhaços da segunda explosão BBC

É uma daquelas situações que parece saída de um filme. Um homem que estava nas imediações do estádio de Paris onde bombistas se fizeram explodir foi salvo pelo telemóvel.

O homem chegou ao local, juntamente com um primo e um amigo, já atrasado para o jogo amigável França-Alemanha. “Estacionámos, chegámos ao estádio e ouvimos a primeira explosão”, contou mais tarde à BBC. Já não os deixaram entrar. Os outros dois homens seguiram para o carro, enquanto ele tentava perceber se conseguiriam ser reembolsados pelos bilhetes.

Minutos depois, ligou aos outros dois para lhes dizer que se estava a dirigir para o carro. Quando desligou, ouviu uma segunda explosão. Senti que algo me acertou e saí dali, simplesmente saí dali”, recordou, enquanto mostrava para a câmara uma zona ensanguentada da t-shirt onde fora atingido por um estilhaço. Um outro fragmento acertou no telemóvel, que ainda estava encostado à cabeça. O aparelho ficou destruído. “Foi o que me salvou. Se não, a minha cabeça tinha sido feita em pedaços.”

O Stade de France foi o local de onde os ataques arrancaram. Mas nenhum dos três bombistas conseguiu entrar no edifício, onde cerca de 80 mil pessoas assistiam à partida. Num dos casos, um homem tentou aceder ao interior com um colete armadilhado, mas foi impedido pelos seguranças. Dois dos homens fizeram-se explodir na zona do estádio, ao passo que o terceiro detonou a bomba a 400 metros, perto de um restaurante McDonald’s. Para além dos atacantes, houve uma vítima mortal: o português, Manuel Dias, de 63 anos, que trabalhava em França e que nesse momento passava perto de um restaurante McDonald’s.

À medida que o pó assenta, vão surgindo vários testemunhos com detalhes sobre a noite em que a sucessão de ataques provocou 129 mortos (entre os quais dois portugueses - a luso-descendente Priscila Correia, residente na capital francesa, estava na sala de espectáculos Le Bataclan) e 99 feridos graves, numa acção reivindicada pelo Estado Islâmico e que foi descrita pelo Presidente francês como um “acto de guerra”.

“Estava ao balcão, ouvi explosões”, contou, também à BBC, um empregado muçulmano do restaurante Casa Nostra, onde pelo menos cinco pessoas foram mortas a tiro. “Toda a gente começou a gritar, os vidros caíam para cima de nós”. O homem diz que viu duas mulheres que tinham sido atingidas, uma no pulso e outra no ombro. Esperou por uma pausa nos disparos e decidiu socorrê-las. “Levei-as pelas escadas para a cave. Sentei-me com elas e tentar estancar o sangue”.

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