CGTP e UGT defendem nomeação de Governo PS, CES quer governo ao centro

Arménio Carlos argumenta que só esta solução pode dar a estabilidade que o Presidente tem pedido. Luís Filipe Pereira, presidente do Conselho Económico e Social, insistiu no esvaziamento da concertação social.

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Arménio Carlos à saída da reunião com o Presidente Daniel Rocha

O secretário-geral da CGTP confirmou esta sexta-feira ter defendido junto do Presidente da República que este “deve ter em consideração” o Governo do PS por entender que este é “aquele que pode dar a tal estabilidade que solicitou”.

A declaração foi feita depois da audiência com Cavaco Silva, tendo Arménio Carlos descartado a continuação do Governo da coligação. "Não estamos de acordo com qualquer solução que passe pela continuação deste Governo, mesmo que seja num quadro de Governo de gestão ou de um Governo de iniciativa presidencial, porque isso iria manter a instabilidade e criar condições para uma situação transitória que não traria benefícios ao país", disse.

O sindicalista sustentou ainda que a situação política exigia rapidez: “Cada dia que passa sem clarificação é mais um dia de instabilidade.”

O líder da central sindical aproveitou ainda para comentar a forma como as confederações patronais têm criticado a possibilidade de um Governo do PS, recordando uma expressão utilizada por Peter Villax, da Associação das Empresas Familiares, que comparou o aumento dos apoios e benefícios sociais, a uma nova política da cigarra por oposição à politica da formiga, levada a  cabo pelo Governo de Passos Coelho.

“Nestes quatro anos, as cigarras foram os que beneficiaram com a crise e com a troika”, disse.

Já ao final da tarde, também o secretário-geral da UGT saiu da reunião com o Presidente da República a defender que a tomada de posse de um Governo do PS é a solução governativa que vai “ao encontro das expectativas dos trabalhadores”. Carlos Silva assumiu assim o seu apoio à nomeação de António Costa e confirmou tê-lo dito a Cavaco Silva. “Qualquer decisão deve ter em consideração os entendimentos na Assembleia da República”, disse o sindicalista e dirigente do PS. 

Mas Carlos Silva aproveitou ainda para elogiar a iniciativa de Cavaco Silva de chamar os parceiros sociais no processo de decisão de um processo político. “A democracia precisa dos partidos, mas a democracia também precisa da sociedade civil”, disse o líder da UGT.

CES quer solução PSD/PS
Luís Filipe Pereira, começou por dizer, depois da audiência com o Presidente da República, que a sua condição de presidente do Conselho Económico e Social (CES) exigia recato. Mas depois, o ex-ministro da Saúde de Durão Barroso recordou declarações suas proferidas antes para concluir que o “país precisa de uma solução ao centro”.

Na mais curta reunião do conjunto de encontros que Cavaco Silva promoveu nestes dois dias, o presidente do CES defendeu ainda o “papel fulcral” da instituição que lidera, reagindo aos acordos celebrados pelos partidos da esquerda citando, especificamente, o entendimento sobre o Salário Mínimo. E sobre isso, falou de risco.

"Há de facto um risco, a concertação social é um espaço de negociação. Uma negociação implica discussão, tentar chegar a algo que seja aceite por ambas as partes que, por definição, querem coisas diferentes. Se na concertação social há uma discussão em que uma das partes coloca uma matéria, seja ela qual for, mas sabe que se não for acordado ali há outro fórum que decide, nós estamos a esvaziar a concertação social", disse.

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