Facebook tem 48 horas para deixar de seguir actividade online de belgas

Tribunal belga determina coima diária de 250 mil euros, caso rede social não cumpra ordem. Em causa violação da privacidade dos utilizadores através de cookies.

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O Facebook tem 1130 milhões de utilizadores diários Michael Dalder/Reuters

O Facebook tem, até esta quarta-feira, para deixar de utilizar cookies para seguir a actividade dos utilizadores da Internet na Bélgica quando estes não têm conta na rede social. A ordem partiu de um tribunal de comércio do país, que decidiu ainda que caso o Facebook não cumpra o determinado ficará obrigado a pagar uma coima diária de 250 mil euros.

A comissão de protecção de dados belga iniciou em Junho passado um processo em tribunal contra o Facebook, que acusou de seguir a actividade online dos seus utilizadores belgas e dos que não têm uma conta no site ou que optaram por não serem monitorizados, segundo os parâmetros de privacidade previstos na União Europeia.

A comissão concluiu que quando um utilizador entra em qualquer domínio facebook.com, para aceder a perfis públicos, por exemplo, ou mesmo depois de um utilizador já não estar a usar a sua conta, são instalados cookies no seu computador para captar informações como preferências ou pesquisas. O organismo criticou ainda o mecanismo do Facebook que permite bloquear a publicidade direccionada. Apesar desta possibilidade, a rede social coloca alegadamente um novo cookie no computador do utilizador que não tenha sido antes alvo de uma monitorização.

Em causa está o alegado uso pelo Facebook de plug-ins sociais, como o botão “gosto”, colocado em milhões de sites. Sempre que há uma visita a alguma parte do domínio facebook.com ou é activado um plug-in, é enviado um cookie à rede social que ajuda a identificar o computador do utilizador e monitorizar as suas navegações online.

De acordo com o tribunal de comércio, o Facebook acaba por ter acesso a dados pessoais, os quais apenas pode usar se o utilizador der o seu consentimento, “tal como dita a lei da privacidade belga”.

Há cinco meses, o Facebook reagia ao processo afirmando que “virtualmente todos os sites usam cookies de forma legal para oferecer os seus serviços”. A rede social assegurou que segue os princípios estabelecidos pela EDAA (European Interactive Digital Advertising Alliance – aliança europeia de publicidade digital interactiva) quanto aos direitos e opção dos utilizadores que não querem ser monitorizados para fins publicitários. 

O Facebook alega que os cookies permitem-lhe identificar computadores que de alguma forma seriam usados para atacar as contas dos seus utilizadores. A empresa assegura que qualquer dado recolhido através deste sistema é apagado ao fim de dez dias.

Conhecida a decisão do tribunal, o Facebook repetiu os mesmos argumentos. “Usamos cookies há mais de cinco anos para manter o Facebook seguro para 1,5 mil milhões de pessoas em todo o mundo. Vamos recorrer da decisão e estamos a trabalhar para minimizar qualquer perturbação às pessoas que acedem ao Facebook na Bélgica”, afirmou uma porta-voz da rede social ao Wall Street Journal.

A empresa liderada por Mark Zuckerberg volta assim a sofrer um rebate, depois de em Outubro ter ouvido o Tribunal de Justiça Europeu a considerar inválido o acordo Safe Harbour que permite a milhares de empresas – entre as quais o Facebook, a Amazon, a Apple e o Google – enviarem dados pessoais de clientes e utilizadores da União Europeia para os EUA. O tribunal considerou que não estava assegurado um “nível de protecção adequado dos dados pessoais transferidos”.

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