Apoio aos refugiados não põe em causa “protecção social dos portugueses”

Presidente da Cáritas garante que a sua instituição vai continuar a apoiar famílias portuguesas em situações de carência

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Enric Vives-Rubio

O presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, assegurou esta quinta-feira que os apoios dados aos refugiados nunca colocarão em causa a protecção social dos portugueses que "ainda estão a passar por dificuldades".

Em declarações à agência Lusa, Eugénio Fonseca disse que nenhum destes apoios irá colocar em causa o apoio dado aos portugueses carenciados. "Essa é a garantia que queremos dar e mesmo os que vêm para aqui [refugiados] com certeza que hão de ter as mesmas condições de protecção social que os nossos têm e não hão de ter a mais, porque isso não seria admissível", frisou. Portanto, sustentou, "eu quero garantir que a Cáritas continuará a fazer o seu trabalho de apoio às famílias em situação de carência [em Portugal] como tem estado a fazer até agora".

Sobre o apoio dado pelos portugueses para ajudar os refugiados no Líbano, Eugénio Fonseca disse que, mais uma vez, demonstraram a sua solidariedade. "O povo já nos habituou a ser solidário", mas não podemos exigir-lhe" mais do que aquilo que pode dar", disse o responsável, defendendo que outras entidades devem associar-se a "esta boa vontade do povo". As necessidades dos refugiados "são tão grandes" que terá de haver sempre "uma dinâmica de solidariedade", devendo ser chamadas "ao compromisso outras entidades, que têm também esse dever de cidadania, de responsabilidade social de se associarem a esta boa vontade do povo. O povo só não chega", sublinhou.

A Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR) divulgou esta quinta-feira os resultados da campanha PAR - Linha da Frente de recolha de fundos para apoiar os refugiados no Líbano, através do trabalho da Cáritas e do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS). Até ao momento, os portugueses doaram 125 mil euros, sendo objectivo da plataforma angariar 200 mil euros até ao final da campanha (Dezembro), disse o coordenador da plataforma, Rui Marques, na sessão de apresentação e status da PAR Linha da Frente, que decorreu no Museu da Electricidade, em Lisboa.

A Plataforma de Apoio aos Refugiados, que reúne várias organizações da sociedade civil portuguesa, inclui duas áreas de actuação: uma focada no acolhimento e integração de crianças refugiadas e das suas famílias em Portugal, e outra focada no apoio aos refugiados no seu país de origem. A UNICEF também tem vindo a desenvolver um trabalho especificamente dedicado às crianças na Síria, com projectos locais.

A decisão de Portugal acolher cerca de 4500 pessoas, ao abrigo do Programa de Relocalização de Refugiados na União Europeia (UE), foi avançada em Setembro passado e as organizações envolvidas neste processo criaram um plano de acolhimento, mas continuam sem saber a data da chegada do primeiro grupo. Segundo Rui Marques, existe nesta altura em Portugal "capacidade instalada de 420 pessoas".

Na segunda-feira serão assinados "mais 30 protocolos com instituições anfitriãs" que subirão essa capacidade para 650 pessoas, avançou o coordenador da PAR.

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