PJ descarta homicídio na investigação a morte no centro de Guimarães

Primeiras informações davam conta de que homem teria discutido com grupo e sido agredido, mas a autópsia e outros exames afastam hipótese de homicídio. PJ investiga agora possível acidente.

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HUGO DELGADO

A morte de um homem de 39 anos, na madrugada deste sábado, no centro histórico de Guimarães, não terá resultado afinal de um crime de homicídio, como chegou a ser noticiado. Fonte da Polícia Judiciária (PJ) garantiu esta terça-feira ao PÚBLICO que, no âmbito da investigação entretanto desencadeada, já foi possível afastar a hipótese de se ter tratado de um homicídio. Quer a autópsia quer os vários exames complementares forenses colocam de parte a possibilidade de crime. A PJ continua agora noutras linhas de investigação, entre elas, por exemplo, a possibilidade de a morte ter resultado de um acidente. Não está, para já, afastada a hipótese de a vítima se ter desequilibrado de uma janela ou varanda da habitação e caído à rua.

Para a PJ trata-se, por isso, de um caso isolado de qualquer vaga de violência. Aliás, para a Judiciária não tem havido no centro histórico de Guimarães, onde existem vários bares e outras casas de animação nocturna, ataques de grupos violentos como também deram conta algumas notícias recentes, o que criou receio na população.

A Direcção Nacional da PSP também desmentiu “qualquer esfaqueamento” no centro histórico de Guimarães que tenha motivado queixas nos últimos meses, ao contrário do que foi noticiado nos últimos dias. Segundo a PSP, a única queixa recente prende-se com um caso de agressões entre grupos de jovens. Porém, o PÚBLICO confirmou que o Ministério Público está a investigar o esfaqueamento de um jovem a 5 de Setembro naquela zona.

 

Esta força policial afasta igualmente a ideia de que o centro histórico de Guimarães esteja a tornar-se um local mais violento. Desde 2010, a criminalidade na cidade, incluindo a criminalidade violente e grave, “tem vindo a baixar gradualmente”, assegura a PSP. Os últimos dados, divulgados no início do ano pelo Conselho Municipal de Segurança, apontam para uma diminuição da criminalidade na área de intervenção da PSP de 8%, ao longo do ano de 2014. A criminalidade grave violenta diminuiu, no mesmo período, 11%.

Certo é que, para os investigadores da PJ de Braga, a morte de Rui Miguel Castro foi violenta, isto é, resultou de profundas lesões corporais. As primeiras informações davam conta de que a vítima, que era morador no mesmo largo onde morreu, saiu de casa de madrugada e teria encarado um grupo de pessoas que estavam a causar ruído na via pública. Logo no sábado, as autoridades admitiam não ter certezas sobre se a vítima teria ou não sido agredida.

O homem foi encontrado no largo da Misericórdia, onde vivia e onde está sediado o Tribunal da Relação de Guimarães, por volta das 3h30. Ao local foram chamados uma viatura do INEM baseada no Hospital de Guimarães e agentes da PSP, que encontraram a vítima já sem vida, limitando-se a confirmar o óbito.

Rui Castro trabalhou em vários bares e restaurantes da zona turística da cidade. Era também um dos mais conhecidos “velhos” da organização das Nicolinas, as históricas festas dos estudantes do ensino secundário de Guimarães que ocorrem todos os anos entre o final de Novembro e o início de Dezembro. A sua morte provocou uma discussão na cidade sobre a segurança no centro histórico e o equilíbrio entre a animação nocturna e a qualidade de vida dos moradores.

Após o caso, a Associação Comercial e Industrial de Guimarães recuperou uma ideia antiga: a instalação de câmara de videovigilância na zona histórica da cidade, que considerou “absolutamente conveniente” para garantir a segurança de moradores e comerciantes. Esta possibilidade já tinha sido estudada no início da primeira década deste século e mereceu o apoio da autarquia, mas acabou por ser chumbada pela Comissão Nacional de Protecção de Dados.

Sem se comprometer com a ideia, o presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança, tornou pública a intenção de reunir, nos próximos dias com várias instituições para “reflectir conjuntamente” sobre as soluções para garantir “a segurança e convivialidade” na área classificada desde 2001 como Património Cultural pela Unesco.

Apesar de afastar a ideia de que o centro histórico vimaranense se tenha tornado um local violento, fonte da PSP sublinha, ainda assim, que o direito ao descanso dos moradores do centro histórico nem sempre é respeitado pelos frequentadores dos bares existentes naquela zona da cidade, mas é uma situação semelhante à que ocorre noutras zonas do país.

Um segundo cadáver apareceu na manhã desta terça-feira junto ao castelo de Guimarães, mas de acordo com fonte da PJ em causa estará uma situação de suicídio. 

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