1500 comerciantes de Albufeira sem electricidade

A companhia eléctrica prevê restabelecer o fornecimento de energia até meio da tarde. Os comerciantes, de galochas e pá na mão, apressam-se a retirar a lama.

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A Câmara de Albufeira poderá avançar com um pedido de “calamidade pública” Filipe Farinha

A baixa de Albufeira acordou nesta segunda-feira rodeada de lama por todos os lados, depois da forte enxurrada que ontem se abateu sobre a cidade. “Mãos à obra” foi a palavra de ordem dada pelo município a todos os serviços para ajudar ao regresso à normalidade. A EDP deslocou para o local cerca de meia centena de técnicos para reparar os estragos causados nos circuitos eléctricos dentro e fora das lojas e habitações. A empresa prevê restabelecer o fornecimento de energia a meio da tarde, aos cerca de 1500 comerciantes que foram afectados.

De galochas e pás na mão, durante toda a manhã, aproveitando as tréguas da chuva, os comerciantes puxam lama para a rua, procurando recuperar aquilo que é possível.

O presidente da Câmara de Albufeira, Carlos Silva e Sousa, explicou que a prioridade é “ajudar as pessoas” nas zonas mais atingidas, em que as lojas e bares ficaram virados do avesso. Uma torrente de água e lama atravessou Albufeira inteira, colocando à vista o crónico défice de drenagem de uma cidade construída como se não houvesse Inverno.

“Como é que eu entro em causa?” perguntava esta manhã Cândida Costa, moradora no 2.º andar da rua 25 de Abril — uma das mais fustigadas pela tempestade deste domingo.

A tarefa da remoção das pedras e entulho está a cargo dos empregados municipais, mas foram também requisitados os serviços de empresas privadas. Aproveitando a pausa na precipitação, as primeiras horas da manhã foram gastas com trabalho em ritmo acelerado, não fosse a chuva voltar à carga.

Carlos Silva e Sousa, confrontado com o pedido da Associação de Comerciantes para que fosse declarado estado de “calamidade pública”, não quis para já comprometer-se politicamente e respondeu que primeiro terá que ser feita a avaliação dos estragos. Para que essa medida de excepção venha a ser concedida torna-se necessário que o Ministério da Administração Interna faça, também, a sua própria apreciação aos estragos, o que deverá acontecer ainda hoje com a visita a Albufeira do novo ministro João Calvão da Silva.

A forte enxurrada que se abateu sobre o Algarve fez uma vítima mortal, um homem que estava desaparecido desde domingo em Boliqueime depois de a sua viatura ter sido apanhada pela força das águas. O corpo do homem, que as autoridades descrevem como um idoso mas cuja idade não foi ainda possível apurar, foi hoje encontrado a cerca de 100 metros do local onde estava o seu carro, submerso e sem ninguém no interior.

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