Activos desde o início de Setembro, são cerca de cem mil os focos de incêndio espalhados ao longo de cinco mil quilómetros de floresta na Indonésia. Desde a semana passada que os fogos se têm vindo a intensificar, e o fumo gerou uma nuvem tóxica que se alastra agora pelo Sudeste asiático, fazendo-se sentir na Malásia, em Singapura e nas Filipinas, provocando perturbações no tráfego aéreo, pondo em risco a saúde pública e ameaçando espécies animais.

Khofiffah Indar Parawansa, ministra com a pasta dos assuntos sociais, disse na quarta-feira que até então 19 pessoas morreram pelos efeitos do fumo em Sumatra e Kalimantan, as zonas mais afectadas pelos incêndios. Escolas foram encerradas, eventos cancelados, e o uso de máscara é essencial em lugares onde o fumo não deixa sequer ver além de 30 metros.

Depois das consequências do El Niño de 1996-97, altura em que a seca deixou o país em chamas por meses, a história repete-se em tom agravado este ano. Fogos florestais fazem parte da realidade indonésia, onde empresas que exploram monoculturas recorrem a queimadas para drenar os solos. Mas as condições climáticas nem sempre favorecem o seu controlo, e o atraso das chuvas não ajuda a minimizar os danos.

Segundo o investigador da Universidade de Amsterdão, Guido van der Werf, os incêndios já emitiram para a atmosfera a mesma quantidade diária de dióxido de carbono que toda a economia dos EUA. Num relatório recente, o mesmo investigador conclui que em três semanas foram emitidos mais gases na Indonésia do que na Alemanha num ano.

O Presidente indonésio, Joko Widodo, interrompeu a visita aos EUA para regressar ao país. Os norte-americanos anunciaram na segunda-feira o seu apoio à Indonésia para equipar as forças de combate aos incêndios, monitorizar o alastrar das chamas e contribuir no suporte médico à população com problemas de saúde associados ao fumo.