Eventual moção de rejeição conjunta de PS, PCP e BE não foi ainda discutida

Jerónimo de Sousa surpreendido com afirmações do líder parlamentar bloquista admitindo um só texto dos três partidos e diz que a questão nunca foi levantada nas reuniões bilaterais com PS e BE.

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Jerónimo de Sousa defendeu que "35 anos de políticas de direita" acabaram com marinha mercante Nuno Ferreira Santos

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, disse esta quinta-feira que uma eventual moção conjunta - com PS e Bloco de Esquerda - de rejeição ao Governo não foi ainda discutida nas reuniões à esquerda. Pedro Filipe Soares, do BE, admitiu essa hipótese.

Tal questão, indicou o líder comunista, "nunca esteve presente nas reuniões bilaterais" feitas com outras forças políticas à esquerda, nomeadamente PS e BE.

Jerónimo de Sousa falava na sede do PCP, em Lisboa, no final de um encontro com a Federação Nacional dos Professores (Fenprof). Questionado sobre o porquê de não se apresentar uma eventual moção conjunta, o secretário-geral do PCP devolveu: "E porque não uma moção separada?".

Antes, o BE, pelo líder parlamentar Pedro Filipe Soares, demonstrou "disponibilidade" para uma moção conjunta. Em declarações aos jornalistas no parlamento, citadas pela TVI 24, o bloquista diz haver a "possibilidade real" de tal suceder: "Temos ainda tempo para o fazer. Diz o regimento que a moção de rejeição deve ser apresentada nos dias do debate [do programa do Governo, a 9 e 10 de Novembro]. Falta mais de uma semana até lá, por isso temos tempo para fazer uma boa moção de rejeição", afincou.

"Medidas urgentes" para repor salários e pensões
Jerónimo de Sousa foi também questionado sobre o ponto das negociações com o PS, nomeadamente em torno da devolução ou não de rendimentos (salários e pensões). Realçando que esse é um ponto "importante", reiterou que em prol da "honestidade e seriedade" das conversações, não é ainda altura de detalhar um eventual acordo.

"Estamos a discutir a necessidade de medidas urgentes que reponham aquilo que foi cortado aos trabalhadores, reformados, empresários. Como é que chegamos lá? É este o ponto em que nos encontramos", sustentou.

O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, apresentou na reunião com os comunistas várias "medidas e preocupações" para o sector da educação que, advoga o sindicalista, um eventual executivo à esquerda deve ter em conta. "Esperamos uma convergência de forças à esquerda", declarou Nogueira, para quem é essencial "poder inverter algumas políticas" tidas pela Fenprof como "extremamente negativas".

Nuno Crato, antigo ministro da Educação, não foi reconduzido no Governo que toma posse nesta sexta-feira, o que prova, advoga Mário Nogueira, que a sua "fidelidade" política e partidária "não resistiu à incompetência e à forma como [Crato] atacou e fragilizou a escola pública".

"Há aspectos concretos que é possível resolver" com os partidos da esquerda, insistiu Nogueira.

A Fenprof solicitou reuniões às direcções dos partidos com representação parlamentar para manifestar as suas preocupações face à situação da educação, e apresentar as suas propostas para o futuro imediato, sintetizadas num conjunto de 12 medidas, entre as quais o processo de municipalização iniciado há dois meses em quinze municípios.

A reunião com o PCP foi a primeira, sendo que esta tarde há ainda um encontro com uma delegação do partido ecologista "Os Verdes", que concorreram coligados com os comunistas nas legislativas.

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