Governo turco impede saída de dois jornais próximos da oposição

O alvo de Erdogan é um grupo de media ligado a Fethullah Gülen. O Presidente é acusado de estar a silenciar os adversários, a dias das legislativas.

Foto
A capa do Millet , publicada no Twitter

A primeira página do jornal Millet desta quinta-feira deveria ter a fotografia de uma carteira profissional de jornalista e a frase "Golpe sangrento". Mas o jornal não saiu, assim como outro do mesmo grupo de media, o Bugün.  

"Fechámos a edição às 15h e às 17h estava na gráfica", contou o director do Bugün, Erhan Basyurt. "Eles empataram até às 21h a pretexto de problemas técnicos. Depois disseram-nos que não podiamos imprimir, que tinham uma interdição escrita", explicou.

Os dois jornais fazem parte do grupo Koza-Ipek, ligado à oposição ao Presidente Recep Erdogan, cujas actividades foram interditadas na segunda-feira pelas autoridades judiciais turcas. A parte de media do grupo é composta pelos dois jornais e por duas estações de televisão, a Bugün TV e a Kanaltürk, que saíram do ar na quarta-feira, depois de a polícia antimotim ter entrado nas instalações e parado as emissões em directo.

Os dois administradores nomeados pela justiça para tomar decisões no Koza-Ipek foram na manhã desta quinta-feira ao Bugün, tendo insultado os jornalistas que estavam reunidos em plenário e despedido os que recusaram obedecer às suas ordens, noticia o jornal Today's Zaman, que divulgou um vídeo como prova. Entre os despedidos estão o director Erhan Basyurt, os chefes de redacção, Mehmet Yilmaz e Güngör Ergun.

O grupo é considerado próximo da opoisção, em especial do movimento do líder religioso Fethullah Gülen, o "inimigo público n.º1 " de Erdogan. Güllen e Erdogan chegaram a ser aliados, mas o primeiro vive agora no exílio nos Estados Unidos.

Estas movimentações das autoridades foram condenadas pela oposição que acusa Erdogan de continuar a silenciar os adversários. No domingo, realizam-se novamente legislativas na Turquia pois o resultado das eleições de Junho não permitiram ao partido do Presidente, o AKP (islamo-conservador) constituir governo. Perdeu a maioria e viu o Partido Democrático do Povo (HDP), curdo, conseguir pela primeira vez uma representação parlamentar.

 

 

 

Sugerir correcção
Ler 6 comentários