Equipas de socorro tentam chegar a zonas isoladas pelo sismo no Hindu Kush

Balanço mais recente aponta para mais de 300 mortos nos dois lados da fronteira afegano-paquistanesa.

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Só no Afeganistão mais de quatro mil casas foram destruídas pelo abalo Reuters

Estradas cortadas por derrocadas, telefones sem funcionar e montanhas cobertas de neve dificultam a chegada de auxílio às zonas mais afectadas pelo sismo que na segunda-feira abalou a cordilheira do Hindu Kush. O Paquistão confirmou já a morte de 241 pessoas, a que se juntam 84 vítimas do lado afegão da fronteira, mas há ainda regiões inteiras das quais nada se sabe.

O Exército paquistanês começou a transportar de helicóptero os feridos mais graves para Peshawar, capital da província de Khyber Pakhtunkhwa (Noroeste), a mais atingida pelo sismo, de magnitude 7,5 na escala de Richter. O último balanço dá conta de 193 mortos e mais de mil feridos, mas as autoridades admitem que há ainda zonas totalmente isoladas, como o distrito de Kohistan, onde vivem cerca de 500 mil pessoas. “O sistema de comunicações está em baixo, as estradas estão cortadas e não sabemos que estragos lá houve”, contou à AFP um porta-voz da polícia de Peshawar.

O primeiro-ministro paquistanês, que regressou ao país para coordenar as operações, visitou nesta terça-feira a província e garantiu que todos os meios foram mobilizados. Além de dois helicópteros militares, foram enviados para a região equipas médicas, tendas e rações de emergência.

O Inverno já se instalou nas montanhas do Hindu Kush, que se estendem do noroeste do Paquistão ao nordeste do Afeganistão, e o sismo veio pesar sobre uma situação que era já complicada. Nos últimos dias, a neve tinha começado a cobrir estradas e a chuva intensa provocou derrocadas, que se multiplicaram com o abalo de segunda-feira. “Não temos comida suficiente nem qualquer ajuda”, contou à Reuters o chefe da polícia de Kunar, província no Nordeste do Afeganistão. Só ali morreram 42 pessoas. “Chove há quatro dias e o tempo está muito frio”, acrescentou Sayed Khil.

Segundo o chefe do executivo afegão, Abdullah Abdullah, nas províncias atingidas pelo abalo, entre as mais pobres do país, há registo de quatro mil casas destruídas ou danificadas. E em Badakshan, onde se localizou o epicentro do sismo, há muitas zonas que continuam totalmente inacessíveis.

Boa parte da província está nas mãos dos taliban que, num sinal da gravidade da situação, apelaram às agências humanitárias “que não receiem enviar abrigos, comida e ajuda médica para as vítimas”. Num comunicado divulgado nesta terça-feira, a rebelião afegã diz ter dado instruções a todos os mujahedin para que “prestem total apoio” aos sinistrados.

Vários países, dos Estados Unidos ao Irão, ofereceram já ajuda ao Afeganistão, um dos países mais pobres da região, devastado por mais de três décadas de guerra. E as forças da NATO que permanecem no país asseguram estar a colaborar nos esforços de busca e salvamento.

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