Querida ONU

As Nações Unidas fazem anos e pedem mensagens de todos sobre o futuro

Já não vivemos o entusiasmo dos anos 1950, quando a ONU foi criada e Carta das Nações Unidas e a Declaração Universal dos Direitos Humanos eram distribuídas, lidas e comentadas em muitas escolas um pouco por todo o mundo. Hoje a ONU faz 70 anos e é o dia para dizer que devemos muito aos que a criaram, aos que lá trabalham, aos que morreram pelos seus ideais e aos que acreditam na sua relevância e lutam por ela no dia-a-dia.

Numa parceria com a ONU e os CTT, o PÚBLICO distribui hoje um postal, convidando os leitores a escreverem uma mensagem ao secretário-geral Ban ki-moon e a ordenarem, de 1 a 10, as prioridades futuras da organização. Naturalmente, o gesto é simbólico. Acreditamos no entanto que esta reflexão pode despertar curiosidade e vontade de saber mais sobre as Nações Unidas, o seu trabalho e a sua importância. Como a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 diz, o desconhecimento dos princípios básicos dos direitos humanos contribuiu para que muitos actos de barbárie não fossem travados. A ONU representa um ideal comum. Ainda é um sonho. Os valores universais consagrados há sete décadas são ignorados e violados todos os dias. Pensamos em guerras,  atrocidades extremas ou nas alterações climáticas. Mas também no direito a casar com quem queremos; a dizermos o que pensamos — e Luaty Beirão arrisca neste momento a vida por isso em Angola —; a termos trabalho e um salário “satisfatório”, ou “férias pagas”, para citar apenas cinco direitos consagrados pela ONU no pós-guerra.

É justamente porque a ONU e os seus princípios não são uma matéria abstracta – mas tantas vezes a linha que separa a vida da morte – que o mundo tem o dever e a urgência de a melhorar. E é fácil começar. Desde o 50º aniversário que se discute a reforma do Conselho de Segurança. Hoje, esta reforma é uma urgência política absoluta. Do mesmo modo, as regras de participação dos Estados-membros na vida da organização têm de ser mais exigentes e menos politicamente correctas. Pode começar-se por aqui. Querida ONU, este é o nosso “postal” de aniversário.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários