Sporting estranha silêncio da FPF no caso das prendas aos árbitros

“Leões” consideram que o organismo máximo do futebol nacional já deveria ter agido desportivamente em relação ao Benfica.

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O Sporting mantém vivas as acusações que Bruno de Carvalho fez sobre o Benfica Enric Vives-Rubio

O Sporting considera incompreensível a demora da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) em reagir às alegadas prendas do Benfica aos árbitros, delegados e observadores nos jogos disputados no Estádio da Luz e no centro de estágios do Seixal. Para os responsáveis “leoninos”, a partir do momento em que a existência destas ofertas foi revelada pelo presidente dos “leões” e confirmada por alguns agentes desportivos, o organismo máximo do futebol nacional deveria ter agido prontamente em relação ao clube “encarnado”, de acordo com os regulamentos desportivos em vigor.

De acordo com uma fonte do Sporting, o silêncio federativo em relação a este caso tem surpreendido os responsáveis pelo clube, face à gravidade das acusações lançadas pelo presidente Bruno de Carvalho, na última semana. Em entrevista à TVI24, o líder “leonino” retirou de um saco de plástico uma caixa com a imagem de Eusébio que seria oferecida a cada um dos quatro árbitros, dois delegados e ao observador de jogo nos encontros disputados em casa pela formação principal e equipa B do Benfica. No seu interior continha uma camisola do clube da Luz e vouchers para quatro jantares.

Segundo as contas dos responsáveis sportinguistas, estas ofertas representariam, no seu conjunto, 1120 jantares por temporada, que se quantificariam em 250 mil euros por época. Para os “leões” não está em causa se os vouchers foram ou não utilizados pelos visados, mas se a própria oferta não deveria implicar penalizações para o Benfica.

Depois de ter tomado conhecimento destas acusações, a FPF solicitou ao Ministério Público uma investigação para apurar indícios de corrupção e o Conselho de Arbitragem do organismo entregou o processo ao Conselho Disciplinar. Mas, segundo o Sporting, tais procedimentos não dispensariam, desde logo, uma tomada firme de posição por parte da entidade liderada por Fernando Gomes.

O Sporting admite que os árbitros, delegados e observadores envolvidos terão aceitado este presente com alguma ingenuidade, mas não quer ver branqueado o comportamento do Benfica em todo o processo, prometendo não silenciar o tema. A mesma fonte “leonina” garante que estas “prendas” eram prática corrente, pelo menos, desde a temporada anterior.

A pouco mais de uma semana do derby lisboeta, o Sporting garante que não está a utilizar este caso para aquecer a temperatura do clássico do Estádio da Luz, mas, pelo contrário, tem sido o adversário a colocar pressão no jogo, nomeadamente com as declarações de figuras ligadas ao clube nos programas televisivos em que participam, naquilo que diz ser uma campanha concertada pelos “encarnados”.

O Sporting está convencido também que o Benfica esteve na origem do site Football Leaks, que revelou nas últimas semanas documentos confidenciais internos dos “leões”. O caso foi denunciado à Polícia Judiciária e os “leões” acreditam que a investigação deverá conhecer desenvolvimentos nos próximos dias. A direcção do clube admite que terá sido alvo de um ataque informático e garante ter reforçado a segurança interna para evitar novas “fugas” de informação.

O PÚBLICO apurou, entretanto, que Bruno de Carvalho não irá marcar presença no derby, como forma de protesto pela suspensão de que foi alvo, na sequência da expulsão durante o Boavista-Sporting da última jornada, por supostas palavras dirigidas ao árbitro do encontro. E face ao corte de relações institucionais entre os dois clubes, os restantes elementos dos órgãos sociais sportinguistas também não marcarão presença na tribuna do Estádio da Luz, optando por acompanhar o encontro na bancada reservada aos adeptos “leoninos”.

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