A premiada eurocidade de Chaves-Verín quer mostrar que “é possível uma Europa sem fronteiras”

O projecto que une o Norte de Portugal à Galiza foi distinguido pela Comissão Europeia nos prémios RegioStars, conhecidos como os “óscares do desenvolvimento regional”

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Cidade já foi destacada com o segundo prémio do Internacional Auroralia 2012, festival anual de luz de Lyon, França Adriano Miranda

A eurocidade Chaves-Verín foi um dos vencedores da edição de 2015 dos prémios RegioStars, entregues anualmente pela Comissão Europeia. Para o presidente da câmara transmontana, este projecto demonstra que “é possível ter uma Europa sem fronteiras” e deve ser visto como “um exemplo” pelos diferentes Estados-membros e regiões.

O prémio, conhecido como o “óscar do desenvolvimento regional”, foi entregue esta terça-feira em Bruxelas, numa cerimónia presidida pela Comissária Europeia para a Política Regional. Na ocasião, Corina Cretu sublinhou que o projecto que une o Norte de Portugal à Galiza “demonstra que a integração institucional, económica, social e cultural entre duas cidades transfronteiriças é possível e traz benefícios reais em termos de poupança de custos, maior eficiência e uma oferta mais diversificada de serviços municipais para os seus cidadãos”.

A apresentação do projecto na cerimónia ficou a cargo do secretário da mesa da assembleia geral do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial formado por Chaves e Verín, que destacou que esta é “uma experiência transfronteiriça inovadora”, que “inspirou o estabelecimento de novas eurocidades ao longo da fronteira” entre Portugal e Espanha.

 Segundo Pablo Buá, são três as principais áreas em que a eurocidade nascida em 2009 tem procurado apostar: a promoção da eurocidadania, o desenvolvimento sustentável comum e um plano de desenvolvimento económico partilhado. Para este responsável, em consequência do trabalho já feito é possível olhar para esta iniciativa como “um laboratório de integração europeia”.

Em declarações aos jornalistas, o presidente da Câmara de Chaves corroborou essa ideia, defendendo que a eurocidade agora premiada deve “servir de exemplo”, na medida em que demonstra que “é possível ter uma Europa sem fronteiras”. António Cabeleira vê também na distinção da Comissão Europeia “um estímulo” para “aprofundar” aquilo que já foi feito.

Dentro desse trabalho, o autarca destaca a existência de uma agenda cultural comum entre as duas localidades e de um “cartão do eurocidadão”, que foi já atribuído a cerca de oito mil pessoas. Esse cartão, explicou, permite aos cidadãos terem acesso a bens proporcionados pelos municípios de Chaves e de Verín, como as suas piscinas e bibliotecas, independentemente do lado da fronteira do qual sejam oriundos.

António Cabeleira voltou a frisar que o grande objectivo a atingir é a criação de “uma zona franca social”, em que a possibilidade de usufruir indiferentemente de determinadas ofertas em Portugal ou em Espanha se estenda a serviços públicos, por exemplo nas áreas da educação e da saúde. Mas esse “aprofundamento”, alertou, só é possível se houver alterações legislativas.

Já o alcaide de Verín considerou que é através de iniciativas como esta eurocidade “que se constrói cidadania europeia”. “Nós apostamos na Europa, na integração”, sublinhou  Gerardo Fidalgo aos jornalistas, defendendo que este “modelo de integração” é “um exemplo de superação de dificuldades”.    

Além do projecto que une o Norte de Portugal à Galiza, que foi distinguido na categoria CityStar (“transformar as cidades para enfrentar os desafios do futuro”), a Comissão Europeia decidiu premiar uma outra iniciativa que envolve dois Estados-membros: uma incubadora de negócios na área dos jogos para computador, que resulta de uma parceria entre uma região dinamarquesa e outra sueca, conquistou o galardão na categoria “crescimento inteligente”.

Já na categoria “crescimento sustentável”, o vencedor foi um programa na área da construção, lançado na região espanhola da Andaluzia com o objectivo de introduzir medidas de poupança de energia e energias renováveis na renovação de edifícios. Por fim, o galardão na categoria “crescimento inclusivo” foi atribuído à região italiana de Puglia, por um projecto que pretende combater o abandono escolar através de uma abordagem mista nas áreas educativa e social.

Nesta que foi a oitava edição dos RegioStars, criados para distinguir projectos inspiradores de desenvolvimento regional e boas práticas na aplicação de fundos comunitários, foram recebidas 143 candidaturas, das quais 17 passaram à fase final. Na cerimónia que teve lugar esta terça-feira, a Comissária Europeia para a Política Regional disse estar “impressionada com a qualidade dos projectos” a concurso.  

Croina Cretu já tinha antes manifestado o desejo de que “as regiões e cidades da Europa se inspirem nos vencedores” de 2015. “Gostaria de ver muitos projectos bem sucedidos como estes nos próximos anos”, declarou, lembrando que a política europeia “será avaliada com base na capacidade de gerar crescimento e criar emprego”. 

O prémio conquistado este ano por Portugal junta-se a outros dois arrecadados em anos anteriores: em 2013, o Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (Uptec) foi um dos vencedores e no ano seguinte foi distinguido o projecto Art on Chairs, criado para promover a incorporação do design na indústria de mobiliário do concelho de Paredes.

A jornalista viajou a convite da Comissão Europeia

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