Acções da Mota-Engil África disparam mas fecham abaixo do preço da OPA

Título fechou nos 5,72 euros. Contrapartida para retirar empresa de bolsa é de 6,1235 euros.

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António Mota, presidente do grupo de construção, esclarece funções de Paulo Portas

As acções da Mota-Engil África fecharam esta segunda-feira em forte alta, ao valorizar 51,7% para os 5,72 euros por acção, mas valor ainda ficou abaixo da oferta pública de aquisição (OPA) anunciada este domingo.

A OPA é lançada pela própria Mota-Engil África, que oferece 6,1235 euros por acção e pretende colocar um ponto final na curta história bolsista da empresa que concentra os negócios no continente africano. A admissão da holding na bolsa de Amesterdão ocorreu em Novembro de 2014.

Na bolsa de Lisboa, as acções da Mota-Engil estavam pelas 11h desta segunda-feira a subir 3,07%, para 2,32 euros mas, depois, acabaram por inverter em caíram 3,33% para 2,1750 euros, em linha com o PSI 20.

“A cotação das acções [da Mota-Engil África] deixou de representar o justo valor da empresa”, justifica a casa-mãe, em comunicado enviado este domingo ao regulador do mercado de capitais, a CMVM. Desde a entrada em bolsa, a 11,50 euros, as acções estiverem sempre em queda, recuando até 3,77 euros na última sexta-feira.

Para concretizar a saída de bolsa, o grupo propõe a aprovação de um programa de recompra de acções, numa assembleia geral extraordinária da empresa que deverá realizar-se dia 23 de Novembro em Amesterdão.

Para financiar a operação, o grupo pretende “promover a realização de um aumento do capital social da Mota-Engil até um montante equivalente” ao que for aplicado pela Mota-Engil África para comprar as acções que não detém. O aumento de capital “implicará a emissão de novas acções da Mota-Engil com um preço de subscrição não inferior a 2,481” euros, acrescenta o grupo.

A estratégia é facilitada por via do encaixe com os cerca de 13% dos títulos da Mota-Engil África que estão nas mãos da Mota Gestão e Participações (a holding do grupo domina outros 82%, ficando assim dispersos apenas cerca de 5%). De acordo com o comunicado enviado à CMVM, a Mota Gestão e Participações vai alinhar no aumento de capital da holding, “predispondo-se a aplicar nessa subscrição um montante equivalente à receita que obtiver com a alienação das acções da Mota-Engil África”.

Inicialmente, o grupo de construção previa um aumento de capital para a Mota-Engil África, após a sua entrada em bolsa, mas tal nunca se verificou.

Em Setembro, o chairman do grupo Mota-Engil, António Mota, já tinha afirmado que a performance das acções da Mota-Engil África estava a ser “insatisfatória”, admitindo retirar a empresa de bolsa se não fosse encontrada uma solução para aumentar a sua liquidez.

Presente em nove mercados, com destaque para Angola (onde conta com a petrolífera Sonangol como accionista local), a Mota-Engil África tem tido forte peso nas contas do grupo. No entanto, as receitas realizadas no mercado africano caíram 32% no primeiro semestre.

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