Ban Ki-moon recusa pedidos para extensão de mandato de Guterres no ACNUR

Guterres deixará de ser alto-comissário para os refugiados no final do ano.

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Guterres foi eleito alto-comissário em 2005 e reeleito em 2010. Tobias Schwarz/AFP

O secretário-geral das Nações Unidas recusou pedidos para que o mandato de António Guterres como alto-comissário das Nações Unidas para os refugiados fosse prolongado por mais um ano. Caso Ban Ki-moon o aceitasse, seria a segunda vez que o mandato do ex-primeiro-ministro português seria prolongado.

A figura que encabeça os pedidos é Pedro Comissário, embaixador de Moçambique nas Nações Unidas e o presidente do comité da Agência de Refugiados da organização. Este responsável disse à Reuters que foi recentemente abordado “por muitos embaixadores de países-membros do Comité em Genebra”, que, assegura, lhe “transmitiram as suas perspectivas sobre a possibilidade de mais uma extensão do mandato” de António Guterres.

Mas o pedido foi recusado por Ban Ki-moon. A Turquia, um dos países que mais refugiados sírios acolhem e que nesta semana chegou a acordo com a União Europeia para receber mais mil milhões de euros em apoio humanitário de Bruxelas, estaria entre os países que apoiavam a continuidade de Guterres. A embaixadora da Jordânia para a ONU, outro país central no fluxo de quem foge da guerra na Síria, disse à Reuters que o seu país vê com bons olhos o prolongamento do mandato do alto-comissário.

António Guterres foi eleito em 2005 pela Assembleia Geral das Nações Unidas para chefiar o órgão que coordena as acções de protecção a refugiados. Guterres foi reeleito em 2010 e, no início deste ano, a mesma Assembleia Geral aprovou uma extensão de seis meses e meio do seu mandato. Termina no final de Dezembro de 2015.

Pedro Comissário, que foi quem dirigiu o pedido de uma nova extensão a Ban Ki-moon, diz que ouviu a opinião de vários países do comité da Agência de Refugiados, mecenas e os principais países de acolhimento. Admitiu à Reuters que a decisão do secretário-geral das Nações Unidas era infeliz, embora lhe reconheça o direito de a fazer.

A agência de notícias consultou um diplomata ocidental, não identificado, que considera que Ban Ki-moon quis “assegurar a rotatividade devida” do cargo – oficialmente, o gabinete do secretário-geral diz que o processo de selecção de um novo candidato está em curso.

Segundo Pedro Comissário, há três nomes que se destacam na corrida para sucessores de António Guterres: a ex-primeira-ministra dinamarquesa Helle Thorning-Schmidt, e os diplomatas alemão e italiano, Achim Steiner e Filippo Grandi, respectivamente.

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