A Festa do Cinema Francês começa esta quinta-feira em Lisboa a viajar pelo país

Jean-Jacques Annaud dá pontapé de saída para dois meses de ante-estreias, inéditos e retrospectivas, com o programa mais atento dos últimos anos

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A Hora do Lobo, de Jean-Jacques Annaud abre o festival dr

A Hora do Lobo, de Jean-Jacques Annaud, marca esta quinta-feira às 21h00 no cinema São Jorge o arranque da 16ª Festa do Cinema Francês. O evento organizado pelo Instituto Francês em Portugal e pela Embaixada de França recompõe-se este ano de uma edição 2014 em baixo de forma; a programação 2015 é a mais cuidada e atenta dos últimos anos, com duas retrospectivas de peso e uma selecção de 40 ante-estreias e inéditos que viajarão por 18 cidades do país até ao próximo dia 29 de Novembro.

A escolha deste ano, concentrada nas salas do São Jorge até dia 18, inclui alguns dos títulos mais falados dos últimos meses. Entre os filmes já com distribuição garantida por cá, contam-se Marguerite de Xavier Giannoli (domingo, 18, 21h), livremente inspirado pelo caso verídico de Florence Foster Jenkins, predecessora americana da nossa Natália de Andrade; Lolo, a mais recente comédia de Julie Delpy, a actriz da trilogia Antes do Amanhecer (sexta, 9, 21h30); Meu Rei, de Maïwenn, que valeu a Emmanuelle Bercot o prémio de interpretação feminina em Cannes 2015 (terça, 13, 21h30); ou Mustang, co-produção com a Turquia assinada pela realizadora Deniz Gamze Ergüven que é a candidatura oficial francesa à nomeação para os Óscares (terça, 13, 19h30). Este ano, o PÚBLICO patrocina o habitual Prémio do Público, destinado a ajudar à divulgação em Portugal do filme vencedor, e para o qual concorrem os 14 títulos já adquiridos por distribuidores portugueses.

Dos filmes que ficarão para já limitados à passagem na Festa, o destaque vai para Un Français do antigo crítico Diastème (sábado, 17, 21h30), perturbante olhar para a evolução da França ao longo dos últimos 20 anos através da vida de um skinhead de extrema direita; Fidelio, l'Odyssée d'Alice, estreia de Lucie Borleteau (sexta, 9, 21h), com Ariane Labed (prémio de interpretação em Locarno 2014) no papel de uma engenheira da marinha mercante destacada para um navio comandado por um antigo namorado (Melvil Poupaud); ou Lulu femme nue, o título mais conhecido da actriz e realizadora Solveig Anspach, falecida este ano de cancro (domingo, 11, 19h30).

Alguns dos títulos – como Meu Rei, Lolo ou as animações Adama de Simon Rouby ou Mune, le gardien de la lune de Benoît Phillippon e Alexandre Haboyan - são exibidos na Festa em antecipação à sua própria estreia em França. A animação, aliás, é uma das apostas fortes da edição 2015, reflectindo o peso crescente dos estúdios franceses no género (os populares Mínimos são uma criação do animador francês Pierre Coffin, e a produtora americana Illumination tem os seus estúdios instalados em França).

A Festa concentra-se nas longas de origem francesa: exibe em ante-estreia Muito à Frente, a longa animada do comediante Jamel Debbouze passada na pré-história (domingo, 18, 16h), mas também o inédito Tante Hilda!, fábula ecológica de Jacques-Rémy Girerd e Benoît Chieux com as vozes de Sabine Azéma e Josiane Balasko (quarta, 14, 10h30), para além de múltiplas sessões escolares dedicadas aos mais jovens.

Entre os convidados presentes entre nós estarão a antiga “madrinha” do evento Agnès Jaoui, que virá com a realizadora Baya Kosmi mostrar uma comédia sobre a “multiculturalidade”, Espera Aí que Já te Atendo (quinta, 15, 21h30), e os realizadores Diastème, Thomas Lilti ou Laurent Larivière.

Os convidados mais importantes, contudo, serão Jacques Doillon e Jean-Jacques Annaud. Doillon, uma das figuras mais importantes do cinema de autor pós-Nouvelle Vague, estará entre nós acompanhando a retrospectiva que lhe é dedicada pela Festa e que terá lugar na Cinemateca Portuguesa, com a exibição entre dias 10 e 17 de oito dos seus filmes mais importantes, entre os quais Ponette, O Pequeno Criminoso e o seu último filme ainda inédito em Portugal, Mes séances de lutte.

Quanto a Annaud, um dos raros realizadores franceses com uma carreira internacional realizada nos seus próprios termos, é este ano o “padrinho” da Festa e será igualmente alvo de um ciclo com a projecção de seis filmes seus, entre os quais a adaptação de Marguerite Duras O Amante, A Guerra do Fogo ou O Nome da Rosa.

A Hora do Lobo, que foi rodado na China e chegará às salas no próximo dia 22, será mostrado esta quinta-feira em abertura da Festa em duas sessões simultâneas, uma para convidados e outra aberta ao público; e é igualmente alvo de uma exposição patente no Museu Nacional de História Natural e Ciência até dia 29 de Novembro com imagens de rodagem.

Como habitualmente, Lisboa é a primeira paragem da Festa, entre 8 e 18 de Outubro, e o Porto recebe o evento no Rivoli de 20 a 25 de Outubro. O “périplo 2015” passa ainda em Outubro por Braga (Teatro Circo, dias 13 e 14), Almada (Fórum Romeu Correia, 14 a 18), Portimão (Teatro Tempo, 15 a 17), Aveiro (Teatro Aveirense, 22 e 23), Évora (Auditório Soror Mariana, 22 a 24), Coimbra (Teatro Académico Gil Vicente, 28 a 2 de Novembro), Santarém (Teatro Sá da Bandeira, 28 e 29) e Leiria (Teatro José Lúcio da Silva, 30 e 31). Em Novembro, seguirá para Faro (Teatro das Figuras, dias 5 a 8), Viana do Castelo (Teatro Sá de Miranda, 10 a 13) Setúbal (Auditório Charlot, 13 a 15), Beja (Teatro Pax Julia, 17 a 22), Caldas da Rainha (Centro Cultural, 18 e 19) e Guimarães (Centro Cultural Vila Flor, 22 a 25), terminando em São Pedro do Sul (Cine-teatro Jaime Gralheiro, 27 a 29) e no Seixal (Forum Cultural, 27 e 28). Os horários e preços podem ser consultados em www.festadocinemafrances.com .

 

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