ICNF acha que não têm “qualquer relevância” romper arriba fóssil junto a geomonumento

O Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente da GNR sugeriu à Câmara de Vila do Bispo “colocar uma barreira física” para impedir a circulação automóvel junto às falésias.

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Para os responsáveis do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), diz a Direcção do Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente da GNR, “não têm qualquer relevância” a intervenção levada a cabo, em Sagres, pela câmara de Vila do Bispo – rompimento de uma arriba fóssil na praia do Telheiro – para facilitar o acesso à praia. O local está referenciado por possuir um geomonumento com mais de 250 milhões de anos, considerado exemplar único no mundo. O geólogo Galopim de Carvalho, referindo-se à importância do exemplar, considera que a este património é “muito mais importante do que o internacionalmente conhecido Siccar Point, na Escócia” e que figura em tudo o que é manual de geologia por esse mundo fora.

Carla Cabrita, guia da natureza, apresentou queixa à GNR e a outras entidades, denunciando o alegado crime ambiental há cerca de um mês. A resposta do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da GNR chegou na passada segunda-feira, dando conta das “averiguações” levadas a cabo, por ordem superior, e da conclusão a que chegou: “Foi possível apurar junto dos responsáveis do ICNF que os trabalhos realizados não têm qualquer relevância para o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV)” que é gerido por aquela entidade. Por outro lado, a Inspecção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMOT), no passado dia 15, ordenou à câmara, como “medida preventiva”, a suspensão de qualquer intervenção na zona. Na mesma ocasião, a um pedido de esclarecimento do PÚBLICO, esta entidade adiantou que informara o ICNF dando conta que tais acções “poderão consubstanciar a violação dos planos especiais incidentes sobre a área”.

Perante a aparente desvalorização da obra, por parte do PNSACV, contrária à posição do IGMAOT, a GNR informou que será “mediado, junto da Câmara de Vila do Bispo, a colocação de uma barreira física no início dos caminhos para impedir a circulação automóvel junto das falésias”. Galopim de Carvalho foi um dos geólogos que reagiu à intervenção em área protegida. Na sua página do Facebook, o investigador deixou um alerta: “Urge defendê-lo do camartelo do progresso, que o desinteresse, quase sempre fruto da ignorância de quem decide, põe em risco”. A câmara diz que apenas efectuou “melhoramentos num caminho pré-existente”

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