Dismaland Calais: Banksy quer construir abrigos para refugiados

Dismaland foi o projecto mais ambicioso que Banksy desenvolveu no Reino Unido. Recebeu 150 mil visitantes.

Um barco a abarrotar de refugiados é uma das obras de Dismaland
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Um barco a abarrotar de refugiados é uma das obras de Dismaland Reuters
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Nem 24 horas passaram desde que Dismaland encerrou ao público e Banksy e a sua equipa já trabalham no que se segue. E o que se segue não é uma nova exposição mas sim uma ajuda aos refugiados que acampam em Calais à espera de conseguirem chegar até Inglaterra. O artista britânico, cuja identidade se mantém um mistério, vai desmantelar o seu “parque de estupefacções” (bemusement) para enviar para a cidade francesa todos os materiais possíveis que possam ajudar à construção de abrigos.

Corria o mês de Agosto quando Banksy anunciava o seu sombrio parque de diversões – imagine-se a Disneyland na ruína – numa colaboração com mais de 50 artistas, de Damien Hirst, Bill Barminski, Caitlin Cherry, Polly Morgan, Josh Keyes, Mike Ross ou David Shrigley à portuguesa Wasted Rita. Quando se achava que o que estava a acontecer num abandonado complexo recreativo em Weston-super-Mare, junto ao Canal de Bristol, era a rodagem de um filme, Banksy anunciou uma mega exposição, com concertos às sextas-feiras, que duraria pouco mais de um mês.

Os bilhetes esgotaram em poucos dias (foram 150 mil visitantes em cinco semanas) e existia a esperança de que o britânico, que tem passado os últimos anos a surpreender-nos, prolongasse Dismaland, um jogo de palavras que envolve a Disney e o adjectivo dismal (sombrio). Tal não só não aconteceu como no último dia da exposição, onde podíamos ver uma carruagem da Cinderela envolvida num acidente de viação, ou uma mulher a ser atacada por gaivotas porque a vida não é assim tão maravilhosa como a Disney a pinta, Banksy anunciou a próxima novidade: Dismaland Calais.

Mas não vai ser a Dismaland Calais a reprodução do que aconteceu em Weston-super-Mare. “Toda a madeira e utensílios de Dismaland estão a ser enviados para a ‘Selva’, o campo de refugiados perto de Calais para que se construam abrigos”, lê-se no site oficial do artista, que acompanhou a mensagem com uma foto onde vemos o sombrio e destruído castelo de fadas, a atracção principal do parque. No espaço em frente ao castelo idealizado por Banksy, em vez de um belo jardim estão sim várias tendas, qual campo de refugiados.

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Calais é um dos núcleos de migração mais frequentados e perigosos da Europa. Estima-se que haja entre três mil e quatro mil migrantes ali acampados. Todos os dias chega mais de uma centena de migrantes que ambicionam fazer a travessia de cerca de 30 quilómetros para o Reino Unido. Os campos de refugiados que aqui se têm formado têm já o nome de Selva, enunciado por Banksy. A crise dos refugiados estava, aliás, presente em Dismaland, sendo uma das atracções do parque um barco a abarrotar de refugiados.

Jo Brooks, agente de Banksy, confirmou à NBC News que o parque começou a ser desmantelado nesta segunda-feira de manhã, depois de ter encerrado portas às 22h de domingo. Brooks não entrou, no entanto, em pormenores sobre esta nova acção do artista, conhecido por ironizar o quotidiano e as decisões políticas mais controversas. Ao enviar para Calais os materiais de Dismaland, Banksy está a fazer novamente um statement, colocando-se ao lado dos refugiados, a maioria em fuga de guerras e perseguições em países como a Síria, o Iraque ou o Afeganistão. Ainda este ano, o britânico esteve em Gaza, para deixar a sua marca e posição sobre o conflito entre Israel e a Palestina.

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