BE diz que valores do défice são provas do "falhanço do Governo"

Mariana Mortágua afirma que Novo Banco levou défice de 2014 ao valor do de 2011. Catarina Martins considera que "a campanha da direita morreu".

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Mariana Mortágua diz que a posição do Governo não faz sentido Enric Vives-Rubio

A deputada do BE Mariana Mortágua considera que os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre os défices orçamentais de 2014 e 2015 são "provas redondas do falhanço do Governo".

"Défice descontrolado, dívida descontrolada, um Novo Banco que leva o défice de 2014 ao [valor do] défice de 2011 quando tomaram posse, penso que um quadro mais negativo era difícil, são três provas redondas do falhanço deste Governo", afirmou Mariana Mortágua, que é também cabeça de lista do BE por Lisboa nas eleições de 4 de Outubro.

De acordo com a segunda notificação do Procedimento dos Défices Excessivos (PDE), enviada esta quarta-feira pelo INE a Bruxelas, em 2014, as administrações públicas registaram um défice orçamental de 12.446,2 milhões de euros, o equivalente a 7,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Ainda segundo dados do INE, o défice orçamental atingiu 4,7% do PIB no final do primeiro semestre de 2015, um valor superior à meta de 2,7% estabelecida pelo Governo para a totalidade do ano.

Em conferência de imprensa na sede do BE, em Lisboa, Mariana Mortágua falou dos números do défice de 2014 e 2015, concluindo que, relativamente aos dados do ano passado, se pode dizer que oficialmente todos os portugueses "são lesados do PSD e do CDS", partidos que durante um ano prometeram que não seriam os contribuintes a pagar o Novo Banco.

"Chamaram-nos alarmistas quando várias vezes enumerámos essa possibilidades, hoje ficámos a saber que por mais voltas que dê, por mais jogos de semântica que o Governo faça, não há forma de o negar, é o INE que o diz, o défice público oficial de 2014 foi revisto para 7,2%, o equivalente ao défice de 2011", sublinhou, enfatizando que 7,2% é o défice que "todos vamos pagar", porque se fossem os bancos a pagar esta perda, ela não seria registada no défice público, mas nas contas dos bancos privados.

Por outro lado, acrescentou a deputada do BE, hoje também foi tornado público que relativamente ao défice de 2015 nos primeiros seis meses do ano o défice disparou para 4,7%, quando a meta estabelecida pelo Governo para total do ano é 2,7%.

"Para cumprir a meta acordada pelo Governo, o Governo tem de se comprometer a, nos próximos seis meses, ter um défice de 0,7%, 0,6%", sustentou, recordando que não há memória de tal ter acontecido nos últimos anos.

"O que estamos a assistir é a uma grande probabilidade não haver cumprimento da meta que o Governo se tinha disposto", vincou, questionado como é possível o executivo de maioria PSD/CDS-PP se apresentar a eleições com um discurso de recuperação económica, rigor e disciplina nas contas e depois ter para apresentar nos primeiros seis meses do ano "um défice completamente descontrolado".

"Não fomos nós que fizemos do défice e da dívida o alfa e o ómega da governação, foi este Governo que se comprometeu a reduzir a dívida e a controlar o défice. O que tem para apresentar a dias das eleições é uma dívida descontrolada e um défice descontrolados", referiu.

Ainda relativamente ao Novo Banco, Mariana Mortágua reiterou que a estratégia de o vender rapidamente foi um "erro" e que continua tudo em aberto.

"É um problema que está a ser empurrado com a barriga, não sabemos quanto é que vai custar, sabemos quanto é que nos custa neste momento: custa 3 mil e 900 milhões de euros, é um facto inegável", declarou, considerando ser uma "incerteza" quanto irá custar.

"A campanha da direita morreu"

 Mais tarde, durante uma acção de campanha, a porta-voz do Bloco considerou que os números agora divulgados destroem a campanha da direita: Este "é o dia em que a campanha eleitoral da direita morreu", disse Catarina Martins.

Porque, afirmou, põem a descoberto a "mentira" de que os sacrifícios e a austeridade dariam resultado. Outra "mentira do ano que está desmontada" com os dados divulgados é que os resultados do BES não iria contar um tostão para os contribuintes. "A direita não tem argumentos para se apresentar a estas eleições", afirmou a candidata, à margem de uma acção.

O país está "mais pobre e cada vez mais endividado". A porta-voz do BE disse ainda que é "mentira" dizer-se que, quando é o sistema financeiro a suportar os prejuízos, tal não conte para as contas públicas ou para os contribuintes: "Conta."

 

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