Morreu a agente literária Carmen Balcells

Era a agente literária de António Lobo Antunes para os direitos estrangeiros desde há vários anos, morreu em Barcelona aos 85 anos.

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Carmen Balcells fotografada em 1990 Colita/CORBIS

A agente literária espanhola Carmen Balcells morreu esta segunda-feira em Barcelona, aos 85 anos. Era a agente literária de António Lobo Antunes para os direitos estrangeiros desde há vários anos. Foi a grande impulsionadora do boom da literatura sul-americana, representando os prémios Nobel da Literatura Mario Vargas Llosa e Gabriel García Márquez.

“Carmen Balcells foi fundamental na divulgação dos grandes escritores latino-americanos, se não fosse ela não tinham tido tanto sucesso na Europa. Ela é de facto a grande impulsionadora, era uma espécie de mãe para os seus autores, muito feroz na negociação”, diz ao PÚBLICO a editora da Dom Quixote, Cecília Andrade, que a conheceu no ano em que Portugal foi o país convidado da Feira do Livro de Frankfurt. 

Uma das suas últimas vindas a Portugal aconteceu quando o escritor Gabriel García Márquez mudou de editora e passou a ser publicado no nosso país pela Dom Quixote. “Era uma pessoa encantadora mas percebia-se que era difícil. Era uma grande defensora dos seus autores e é isso que deve ser um agente. É a última grande agente literária com uma grande história por trás”, acrescenta Cecília Andrade.

Também Manuel Alberto Valente, director editorial da Porto Editora, lembra que Carmen Balcells era “uma figura espantosa, uma grande senhora da edição”. Foi por causa de um almoço em honra do escritor Manuel Vázquez Montalbán, que morreu em 2003 e era um grande amigo da agente, que o editor português esteve em casa da agente por quem tinha “uma grande admiração”. Para o catalão Montalbán, Carmen Balcells era “a superagente literária que passará à história universal pelo seu empenho prometeico em roubar os autores aos editores para lhes dar condições de escritores livres num mercado livre”, já que até ao seu aparecimento os escritores costumavam assinar contractos vitalícios com os editores. Foi com ela que essa situação mudou.

Representou, por exemplo, Pablo Neruda, Rafael Alberti, Gonzalo Torrente Ballester, Ana María Matute, Juan Goytisolo, Juan Marsé, Javier Cercas, Rosa Montero, Juan Carlos Onetti, Julio Cortázar, José Donoso, Alfredo Bryce Echenique, Camilo José Cela, Eduardo Mendoza e Isabel Allende

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