Ex-tesoureiro do PT condenado a 15 anos de prisão no Lava Jato

João Vaccari foi considerado culpado no processo de corrupção da Petrobras - cometeu delitos de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa, entre outros crimes.

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João Vaccari tem mais processos judiciais por que responder Rodolfo Buhrer/Reuters

O ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) do Brasil, João Vaccari, foi condenado esta segunda-feira a 15 anos de prisão por participação no esquema de corrupção conhecido como Lava Jato, à volta dos contratos da empresa petrolífera nacional Petrobras.

"Com os delitos de corrupção, lavagem de dinheiro, associação criminosa (...) a pena totaliza 15 anos e quatro meses de prisão", disse o juiz Sérgio Moro que conduz o inquérito ao escândalo da corrupção na Petrobras.

João Vaccari foi tesoureiro do PT (o partido da Presidente Dilma Rousseff) até Abril. Foi considerado culpado de ser o responsável pela distribuição dentro do partido dos subornos pagos pelas empresas que conseguiam contratos com a Petrobras.

Esta é a primeira pena de Vaccari, que também é alvo de outros processos judiciais.

O esquema esteve activo entre 2004 e 2014. Segundo a investigação, as empresas repartiram os negócios da companhia petrolífera pagando subornos a responsáveis e directores. Os contratos que obtinham estavam, eles próprios, inflaccionados entre 1% e 3%.

Uma parte das comissões destinavam-se a personalidades políticas, na sua maioria deputados da coligação de centro-esquerda no poder. Mas Vaccari recebia as suas comissões.

O ex-director de serviços da Petrobras, Renato Duque, foi também condenado a 28 anos de prisão. Outras nove pessoas também foram condenadas, mas a maioria negociou acordos de delação (forneceram informações a troco de reduções na pena) e deverão cumprir as penas em prisão domiciliária.

Segundo o juiz Sérgio Moro, a corrupção "gerou impacto no processo político democrático, contaminando-o com recursos criminosos". Acrescentou que  a lavagem de dinheiro envolveu especial sofisticação, pois os recursos criminosos foram transformados em doações eleitorais registradas. 

Na investigação que levou a estas condenações incluiu-se a concessão de um contrato entre a Petrobras e a empresa Interpar, que fez entrar, por via oficial, nos cofres do PT 4,26 milhões de reais (quase um milhão de euros).

"A corrupção com pagamento de propina de milhões de reais e tendo por consequência prejuízo equivalente aos cofres públicos e a afetação do processo político democrático mereceu reprovação especial", sublinhou o juiz Moro, que chamou a todo o processo um "esquema criminoso de maxipropina e maxilavagem de dinheiro".
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