Agricultores reclamam água da albufeira do Baixo Sabor para regadio

O aproveitamento hidroeléctrico do Baixo Sabor, para já, só está destinado à produção de energia eléctrica.

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Nelson Garrido

Os agricultores reclamaram nesta quinta-feira a utilização da água da albufeira do Baixo Sabor para o aproveitamento hidroagrícola, o que irá beneficiar cerca de 17 mil hectares de culturas situadas em mais de metade dos concelhos do distrito de Bragança.

 

Em declarações agência Lusa, a secretária geral adjunta da Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas (Confagri), Maria Antónia Figueiredo, disse que será solicitado ao Governo a integração da albufeira num plano de regadio para aquela área do território.

"O aproveitamento hidroagrícola das duas albufeiras que fazem parte do empreendimento do Baixo Sabor é um anseio de muitos agricultores e, em particular, dos agricultores dos concelhos de Bragança, Macedo de Cavaleiros, Alfandega da Fé, Mogadouro, Vila Flor e Torre de Moncorvo, e poderia, tendo em consideração os 3.500 Km2 do Baixo Sabor, beneficiar cerca de 17.000 hectares de culturas agrícolas", frisou.

Segundo a dirigente, terá de haver uma parceria entre os ministérios da Agricultura e do ministério Ambiente, Ordenamento do Território e Energia para que haja um aproveitamento hidroagrícola e os agricultores possam beneficiar das vantagens do regadio para serem competitivos.

"Como a agricultura é uma actividade económica, os agricultores do Baixo Sabor terão de ter as mesmas oportunidades que os seus congéneres de outras regiões do país para sobreviverem, como é caso da zona do Alqueva, no Alentejo", destacou.

Segundo a responsável, é na região de Trás-os-Montes que se verifica um dos maiores aumentos da temperatura média do ar", em relação "ao período de 1971 a 2000, com reflexos negativos no desenvolvimento de muitas culturas, e condicionando "fortemente" a competitividade da agricultura de uma vasta região.

Maria Antónia Figueiredo garante que o Planalto de Ordenamento da Albufeira do Baixo Sabor prevê a possibilidade do aproveitamento hidroagrícola e que, com é uma região que está a sentir o efeito do aumento da temperatura, terá de ser "urgentemente" implementada para que haja água disponível para os agricultores.

"Até agora, havia a tradição da prática da agricultura de sequeiro em culturas como o amendoal e olival, mas, face ao aumento da temperatura, a água é determinante para se manter uma produção agrícola competitiva e evitar a desertificação do território por falta de condições", enfatizou.

O aproveitamento hidroeléctrico do Baixo Sabor, para já, só está destinado à produção de energia eléctrica e é constituído por dois escalões: a albufeira criada pelo escalão de Montante estende-se ao longo de 60 km, desde a zona da barragem até cerca de 5,6 km a jusante da confluência do rio Maçãs com o rio Sabor, ocupando áreas dos concelhos de Torre de Moncorvo, Alfândega da Fé, Mogadouro e Macedo de Cavaleiros.

A albufeira criada pelo escalão de Jusante, com uma extensão de cerca de 9,6 km, ficará compreendida entre as duas barragens, localizando-se no concelho de Torre de Moncorvo.

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