Passos associa Costa ao “leve agora e pague depois”

Os líderes da coligação Portugal à Frente jantaram no Porto com um milhar de militantes e simpatizantes dos dois partidos que sustentam o Governo. À chegada, uma delegação de lesados do BES esperava-os para mais um protesto.

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Passos e Portas na Alfândega do Porto Lara Jacinto/NFactos

Se lá fora estavam algumas dezenas de manifestantes, lá dentro mais de mil pessoas marcaram presença no primeiro jantar da "maratona" da coligação Portugal à Frente (PSD/CDS). Passos Coelho e Paulo Portas chegaram quase uma hora depois da hora marcada à Alfândega do Porto,mas tiveram tempo de puxar dos galões da governação e criticar o PS quanto baste.

O secretário-geral do PS, António Costa, foi o alvo das críticas do primeiro-ministro e líder do PSD. Comparou a proposta do PS de estímulo à economia à custa da Segurança Social com as SCUT (Sem Custo para os Utilizadores) e acusou os socialistas de dizerem aos portugueses "leve agora este programa, depois paga".

"O programa de estímulo à economia à custa da Segurança Social parece hoje aquilo que nos venderam no passado com as SCUT. Não tem custos, a factura virá depois, de preferência com outro Governo. E querem fazer portanto com a Segurança Social e com o seu novo programa para Portugal o que já fizeram antes, dizer aos portugueses: leve agora este programa, depois paga", declarou.

À chegada ao edifício da Alfândega do Porto, o primeiro-ministro, que tinha (mais) uma manifestação dos lesados do BES, que se concentraram ao final da tarde para protestar contra o Governo, disse ser "duplamente errado" que os adversários façam "esta coisa triste que é usar as pessoas e a sua desgraça para fazer política" contra a maioria.

O primeiro-ministro criticou os “profetas das desgraças que hoje lavam as mãos do que aconteceu em 2011”. E disparou numa indirecta contra António Costa: “Lembram-se, fui eu que chamei a troika”. A sala respondeu com uma gargalhada e não foi preciso dizer que o destinatário era o secretário-geral do PS que, no debate com o primeiro-ministro, acusou-o de ter chamado a troika.

“Esta epifania, [dizer] ao fim de quatro anos e meio [que] foi Pedro Passos Coelho quem chamou a troika a Portugal e quem se satisfez com tal resultado”, serve aos “profetas da desgraça” para “não assumirem a sua própria responsabilidade, querem atirar a crise para aqueles que a venceram e ainda se propõem serem levados a sério, apresentando-se aos portugueses com a mesma receita que nos trouxe ao colapso de 2011”, declarou.

Pouco antes, Passos deixara um sinal de esperança, revelando que o ciclo de crescimento da economia vai continuar em 2016, deitando por terra a teoria da “espiral de recessão”. Revelando que a economia cresceu “em todo o ano de 2014”, Passos Coelho garantiu que “crescerá com mais vigor em 2015, sendo certo hoje que sabemos também acontecerá o mesmo com o crescimento de 2016. Onde estão os que vaticinaram que a economia não iria crescer e que mergulharíamos na espiral de recessão?”, perguntou.

Já Paulo Portas deixou a garantia de que com a coligação "não há risco de uma 'troika' qualquer voltar a Portugal", aconselhando os indecisos a "acrescentar certeza política" com o aumento da incerteza económica mundial.

"O conselho que dou do ponto da vista da escolha dos portugueses é muito simples: quanto mais houver sinais de incerteza económica no mundo, mais os portugueses devem acrescentar certeza política à situação em Portugal", disse Paulo Portas, dirigindo-se aos indecisos.

Depois falou para a classe média, que disse ser "a espinha dorsal de um país", reafirmando que  "connosco não há risco de uma 'troika' qualquer voltar a Portugal". E num derradeiro apelo: "Connosco não há novos resgates, connosco haverá capacidade para melhorar os salários da função pública, garantir a integridade das pensões, eliminar progressivamente a sobretaxa, continuar a redução do IRC para garantir o investimento e o emprego e melhorar as políticas de apoio à família. Vão por este caminho, não arrisquem voltar ao caminho que levou a 2011".

Quando os dois membros do Governo chegaram ao edifício da Alfândega do Porto, faltavam cinco minutos para as 21h00 e a grande questão era saber se entravam pela porta principal ou por uma outra lateral, devido à manifestação dos lesados do BES. A opção pela entrada principal acabaria por vingar e os dois líderes entraram ladeados por elementos da JSD e da Juventude Popular.

Antes de abandonar a sala onde decorreu o jantar, Passos Coelho percorreu muitas das mesas falando com as pessoas, que lhe pediam para tirar fotografias. Depois, subiu ao palco para dizer que vai voltar ao Porto durante a campanha.

O jantar com militantes dos dois partidos antecedeu um encontro entre o primeiro-ministro e um grupo de empresários – estavam previstos 34. O encontro decorreu à porta fechada num hotel da cidade do Porto  e nada transpirou do que lá se passou. Vladmiro Feliz, Nuno Botelho, Tiago Moreira da Silva, Tomás Roquette, João Rafael Koehler, Francisco Ramos, Mafalda Ricca, Nuno Aguiar-Branco, eram alguns dos empresários que foram convidados para o encontro com o chefe do Governo.

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