O apelo que Passos Coelho fez este sábado de manhã para que os lesados do BES deixassem de aparecer nas suas acções de campanha caiu em saco roto. Ao princípio da noite, à entrada da Alfândega do Porto, onde a coligação PSD/CDS está a organizar um jantar-comício de pré-campanha, não foram só os lesados do banco quese manifestaram: um grupo de moradores de Miragaia juntou-se aos protestos. A polícia foi mesmo obrigada a intervir.

Os ânimos aqueceram quando esse grupo de moradores do bairro portuense se dirigiu a um apoiante da coligação que empunhava uma bandeira do PSD com insultos e ameaças. A polícia interveio, mas foi por pouco que os manifestantes não se envolveram em confrontos.

Antes, já cerca de três dezenas de lesados do BES protestavam ruidosamente com apitos e assobios, agitando bandeiras negras ou empunhando cartazes — "Lesados somos todos nós", lia-se num deles.

Entre eles, um homem gritava violentamente contra o primeiro-ministro, insultando-o. "Esse senhor é um mentiroso [...] sabia que as empresas estavam falidas e enganou-nos. Esse senhor tem de perder as eleições", gritava.

Os manifestantes concentravam-se em frente à porta principal do edifício, sob o olhar atento dos sete polícias alinhados à sua frente.

Passos Coelho e Paulo Portas chegaram cerca de uma hora depois, perto das 21h, já os ânimos se tinham acalmado. Quando o primeiro-ministro saíu do carro, foi cercado por jovens com bandeiras da JSD que o conduziram até à porta, gritando: "Passos vai em frente, tens aqui a tua gente".