António Costa afirma que a troika "só acaba quando este Governo acabar"

Secretário-geral acusou o actual Governo de ter utilizado a ajuda externa como desculpa e de querer continuar as políticas de austeridade na próxima legislatura.

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António Costa Nuno Ferreira Santos

O líder do PS foi esta sexta-feira à noite à Madeira dizer que a troika só acaba quando a direita for “posta na rua” do Governo, pedindo a todos, “onde quer que vivam, onde quer que trabalhem”, que se mobilizem nas próximas semanas, para devolver a esperança ao país.

“A troika só acaba quando este governo acabar, quando a direita for posta na rua do Governo”, disse António Costa, durante um jantar comício no Funchal, acusando a coligação de ter utilizado a intervenção externa como “grande desculpa” para impor políticas que deixaram o país mais pobre.

Não foi a troika que obrigou o Governo a cortar o 13.º e 14.º aos pensionistas, a criar a sobretaxa de IRS, nem a privatizar tudo aquilo que privatizou. “A troika foi só a desculpa, esta foi a vontade do governo”, argumentou António Costa, sublinhando que a coligação teve todas as condições para governar o país: maioria absoluta na Assembleia, um Presidente da República da mesma cor política e a compreensão durante muito tempo do PS e da generalidade dos portugueses.

Tudo isto foi, na narrativa do líder socialista, desperdiçado, tendo o actual Governo falhado nos dois principais objectivos que tinha: “Falhou na redução da dívida, que em vez de diminuir aumentou, e falhou no objectivo de pôr a nossa economia a crescer, porque em vez dela andar para a frente, andou 13 anos para trás”.

Por isso, Costa defende que Portugal não pode perder mais tempo na construção do futuro, alertando para a importância das legislativas de Outubro. O que está em causa, sublinha o candidato socialista, não é saber quem será o próximo primeiro-ministro. Não é, insiste, uma questão de escolher uma pessoa. “É muito mais importante do que isso”, porque para o líder socialista o que está em causa nas próximas eleições é "escolher em que país os portugueses querem viver".

“É uma escolha muito clara, entre aqueles que são prisioneiros do seu passado, e aqueles que têm os olhos postos no futuro e a ambição de virar a página e devolver a cada português e a Portugal esperança e confiança no futuro do país”, definiu, dizendo que Passos Coelho não merece a confiança dos portugueses.

“O actual governo não merece confiança, e um governo que não merece confiança não consegue mobilizar o país para enfrentar os desafios do futuro”, explicou, afirmando que o objectivo do PSD/CDS é “atacar” a escola pública e o Sistema Nacional de Saúde, e “privatizar” a receita das pensões, fragilizando a Segurança Social ao colocar o dinheiro “de todos” ao sabor da “incerteza” da especulação financeira.

Antes, Costa falou das regiões autónomas. Da importância que elas representam para o país – “não são um problema, mas uma oportunidade” -, garantindo que os socialistas não distinguem as regiões pela cor política de quem as governa. “Não pode haver uma disputa entre as regiões e o continente, porque Portugal é só um”, vincou.

Carlos Pereira, líder do PS-Madeira e cabeça de lista a São Bento, discursou antes, para lembrar que sempre que a Madeira precisou de ajuda, foram governos socialistas que a acudiram, referindo-se ao pagamento da dívida acordado por António Guterres em 1999, e o auxílio à reconstrução pós-temporal em 2010 assinado por José Sócrates.

“O programa do PS é aquilo que a Madeira precisa”, frisou Carlos Pereira, ressalvando que embora não se possa fazer tudo de uma vez, os socialistas vão traçar o caminho.

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