Costa pisca olho ao centro-direita e diz ter programa “conservador e prudente”

Candidato socialista a primeiro-ministro diz que não recebe lições quanto à boa gestão das coisas públicas”

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Costa sublinhou que o PS foi "o único partido que fez as contas" das promessas eleitorais Enric Vives-rubio

António Costa deixou esta quinta-feira um sinal de confiança, piscando o olho ao eleitorado do centro-direita, ao afirmar que o programa que o PS apresentou e com o qual governará, caso vença as eleições, “é conservador e prudente” e responderá “perante um cenário de imprevisibilidade internacional”. “O programa que nós apresentamos é altamente conservador e mantém taxas de juro relativamente elevadas perante um cenário de imprevisibilidade internacional. O nosso cenário é muito confortável e, se houver algum imponderável sobre o conjunto da zona euro que não dependa de nós e em que a taxa de juro sofra uma evolução, o nosso quadro contínua compatível. O mesmo digo relativamente ao preço do barril do petróleo. É portanto um cenário conservador e prudente”,sublinhou António Costa numa entrevista à RTP1.

Numa emissão sem grandes revelações, o candidato socialista a primeiro-ministro aproveitou o tempo de antena para algumas explicações. Depois de declarar que não chegou à política ontem, e que por isso é que apresentou um programa macroeconómico “conservador e prudente”, Costa sublinhou que o” PS foi o único partido que fez as contas”. “Aquilo que nós sabemos é que os outros não apresentam contas e, relativamente à sua experiência governativa, é que falharam todas as contas”, revelou, questionando o entrevistador: “Neste quatro anos, sabe quantos orçamentos rectificativos é que este Governo teve? Oito. Não houve nenhum ano que não tivesse um orçamento rectificativo e houve anos até com dois orçamentos rectificativos”.

Irritado com o jornalista, que acusou de “repetir a argumentação da coligação” PSD/CDS, Costa acusou o actual Governo de nunca acertar nas contas”, de “não cumprir uma promessa” e de “falhar em dois dos objectivos principais a que se tinha proposto: pôr a economia a crescer; e reduzir a dívida”.

Dando um sinal de algum desapego, o líder do PS disse não estar “nesta campanha eleitoral para perder a credibilidade” que acumulou ao longo da anos na vida política “para ganhar mais meia dúzia de votos”. Sublinhando esta ideia, partiu para o ataque ao seu principal adversário na corrida a chefe do Governo, com quem participara num debate na véspera, e separou águas. “O actual primeiro-ministro, o currículo que tem para apresentar é que herdou uma grande dívida e aumentou-a 19%, eu herdei uma grande dívida e reduzia-a em 40%; ele aumentou os impostos, eu baixei os impostos; ele cortou no investimento, eu aumentei no investimento”, comparou, para concluir que “do actual primeiro-ministro” não recebe “lições quanto à boa gestão das coisas públicas”.

Sobre a futura equipa de um eventual Governo socialista e o perfil das personalidades que dele farão parte António Costa pouco disse. “O Governo será apresentado no momento próprio e se o Presidente da República, em função dos resultados eleitorais, cumprir a Constituição e me indigitar para formar Governo”. Estava dado o recado a Cavaco Silva. E para ministro das Finanças? “Não vamos estar aqui a fazer uma lotaria de formação de Governo aqui à mesa da RTP”, disse o secretário-geral do PS, revelando que “tem bem presente na cabeça quer a estrutura do Governo, quer uma possível composição do Governo” que quer liderar.

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