Directores: colocações de professores estão a decorrer "anormalmente bem"

Nesta quinta-feira foram colocados mais 1225 professores. Não serão ainda os suficientes para as escolas que abrirem portas aos alunos já na próxima terça-feira. Mas os directores não se queixam. "Depois do caos do ano passado..."

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Há 584 horários que serão agora disponibilizados para Bolsa de Contratação de Escola Enric Vives Rubio

Nesta quinta-feira, foram colocados nas escolas mais 1225 professores. Uma boa notícia, segundo os dirigentes das duas associações nacionais de directores escolares. Admitem que nos agrupamentos onde as aulas arrancam antes de dia 21 possa haver falta de "alguns docentes", mas dizem-se aliviados porque o processo de colocação está a decorrer “incomparavelmente melhor” do que há um ano e até mesmo, dizem, “anormalmente bem”.

Quando foram conhecidas as primeiras listas de colocação de professores, no dia 28, soube-se que dos 17.850 horários pedidos pelas escolas tinham ficado por preencher 2132. Depois de reavaliadas as necessidades pelos directores da generalidade dos agrupamentos de escolas e das contratações feitas através da Bolsa de Contratação de Escola (BCE), o número horários completos a concurso baixou para os 1809, explica o Ministério da Educação e Ciência. E, desses, 1225 ficaram preenchidos nesta quinta-feira, através da chamada 1.ª Reserva de Recrutamento.

Os restantes 584 horários serão agora disponibilizados para Bolsa de Contratação de Escola (no caso das escolas com Contrato de Autonomia e TEIP - Territórios de Intervenção Prioritária) e para Contratação de Escola (no caso das restantes unidades orgânicas). Além disso, na próxima semana, realiza-se a segunda Reserva de Recrutamento (RR2), com horários anuais e temporários.

Os prazos são apertados. “Infelizmente, só para a semana é que, pelos vistos, eu, por exemplo, poderei colocar a concurso as sete vagas para necessidades temporárias que existem na escola que dirijo e que correspondem a professores com baixa médica ou em licença de parto. Mas depois do caos que foi o ano passado – e mesmo comparando com  anos anteriores – nem me queixo”, disse Filinto Lima, da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP).

Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE) foi mais severo: “Se é possível fazer isto quando há eleições, também devia ter sido no ano passado e há-de ser no próximo ano e nos seguintes”, comentou, depois de falar no "caos" que as escolas viveram em 2014.

Ambos admitem, no entanto, "que apesar de as coisas estarem a correr "anormalmente bem" (nas palavras de Manuel Pereira), a falta de professores pode afectar algumas escolas ou agrupamentos. "Causará certamente alguns problemas naquelas que decidirem abrir portas aos alunos logo no dia 15", o primeiro do prazo dado pelo ministério para o efeito, que este ano, excepcionalmente, se prolonga até dia 21, disse Filinto Lima.

A grande preocupação dos directores prendia-se com o funcionamento da BCE, um concurso que se destina à colocação de professores sem vínculo em cerca de um terço dos agrupamentos de escolas no país (as TEIP e as escolas com autonomia). O processo continua a revelar problemas, já que o mesmo candidato pode ser colocado simultaneamente em várias escolas e bloqueia as vagas até que ele desista formalmente dos horários que não deseja. “Ainda assim, não são, sequer, parecidos, com os que vivemos no ano passado”, comentou Manuel Pereira.

Há um ano verificou-se um erro na fórmula matemática que definiu a ordenação dos candidatos e que foi corrigido já com as aulas a decorrer. Além disso, a colocação foi feita a nível central, inicialmente, e só no fim de Outubro pelos próprios directores. Estes usam o telefone para “pressionar os docentes” – “no bom sentido do termo”, sublinha Filinto Lima – a aceitarem um dos horários libertando os restantes o mais rapidamente possível. Assim, explicam, apressam o preenchimento das vagas.

O presidente da Associação Nacional dos Professores Contratados (ANVPC) mostra-se menos entusiasmado com a forma como o processo está a decorrer. Diz não entender por que é que os horários anuais não foram preenchidos no dia 28 e faz notar que isso gera injustiças. “Sei de um colega que foi colocado nesse dia no Algarve, a centenas de quilómetros de casa, e que hoje viu colegas que estavam atrás de si na lista de graduação serem colocados em Lisboa”, exemplificou.

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