Tudo a postos em Moncorvo à espera das minas de ferro

Discussão pública do estudo de impacto ambiental do projecto de exploração das minas de Moncorvo terminou esta sexta-feira.

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Exploração das minas de Moncorvo foi suspensa em 1991 Adriana Miranda

Não seria a primeira vez que os anúncios não tinham sequência, e que as expectativas mais positivas acabavam goradas. Mas a população de Moncorvo, e de toda aquela região transmontana, acredita que falta muito pouco para que de uma das maiores jazidas de ferro do país comece a ser novamente explorada.

O período de consulta pública do estudo de Impacto ambiental do projecto de reactivação das minas de ferro de Moncorvo, que tem como promotor a empresa de capitais portugueses MTI-Ferro de Moncorvo, terminou esta sexta-feira, e, apurou o PÚBLICO, há no sector a convicção de que a declaração ambiental será favorável. Com isso, e o estudo pré-viabilidade autorizado pela tutela, estarão criadas as condições para que, 24 anos depois, os mineiros voltem a trabalhar na extracção deste minério.

A convicção é tanta que, querendo antecipar-se às futuras necessidades do mercado, o Instituto Politécnico de Bragança (IPB) abriu este ano as primeiras vagas para um curso técnico de prospecção mineira e geotécnica. E, segundo garantiu ao PÚBLICO Sobrinho Teixeira, presidente do IPB, as vagas vão ser todas preenchidas. Na cerimónia de assinatura do protocolo de colaboração, que juntou o IPB e as seis empresas ligas à extracção mineira e inertes que laboram na região, e que garantiram o interesse em receber os alunos para fazerem formação no terreno, esteve o ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, bem como os presidentes dos organismos públicos que tutelam o sector da energia e geologia. “Temos a forte convicção que desta vez vai avançar.  É por isso que o IPB, com algum esforço financeiro, se posiciona para responder às necessidades da região”, argumenta Sobrinho Teixeira.

O projecto de extracção mineira sofreu alterações profundas desde que foi anunciado, em finais de 2012. “Reduzimos o projecto em praticamente um terço”, admitiu Carlos Guerra, um dos representantes da empresa promotora que explicou esta revisão em baixa com a necessidade de adaptar o projecto à capacidade actual de processamento do minério do Porto de Leixões. 

A flutuação da cotação do minério – que chegou a duplicar depois da crise de 2008, mas que actualmente voltou a cair para metade – é um dos principais problemas que enfrentam os promotores. Foi essa flutuação, e as dificuldades logísticas em levar o minério até às metalurgias da Europa (Portugal não tem nenhuma) que afastou da jazida de Moncorvo grandes multinacionais como os australianos da Rio Tinto.

A revisão em baixa do projecto teve a ver, apenas, com a capacidade de recepção e transporte do minério a partir do porto de Leixões. Segundo Carlos Guerra, os modos de transporte previsto são exclusivamente rodoviários e ferroviários aproveitando a linha do Pocinho, até Leixões, tendo o promotor deixado cair a opção de transporte fluvial/marítimo.

De acordo com o estudo de impacte ambiental, a previsão de facturação da empresa no primeiro ano de laboração não chega aos 50 milhões de euros, para no décimo ano de exploração, altura em que a exploração mineira entra em velocidade cruzeiro, facturar cerca de 153 milhões de euros (previsões assentes numa cotação média do minério a 65 euros por tonelada de concentrado de ferro tratado).

A royaltie de exploração que entra para as receitas de Estado são de 18 milhões de euros no primeiro ano, para passar para os 5,7 milhões ao décimo ano de exploração. Quanto a postos de trabalho, adiantou Carlos Guerra, o promotor estima a criação de 110 empregos no primeiro ano de actividade, até chegar aos 580 trabalhadores no oitavo ano de trabalho da mina, altura em que atingirá o pico de contratação. 

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