Políticos alemães em frente unida contra os extremistas

Chanceler, vice-chanceler e Presidente visitam centros de acolhimento a refugiados, alguns dos quais têm sido atacados.

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Merkel visita Heidenau, cidade-símbolo dos ataques crescentes contra centros de acolhimento de refugiados na Alemanha Tobias Schwarz/AFP

Líderes alemães mostraram esta quarta-feira uma frente unida contra os extremistas que atacam centros de acolhimento de refugiados, quando não passa um dia em que não haja relatos de um ataque num destes locais.

A chanceler Angela Merkel esteve no centro da cidade de Heidenau, perto de Dresden, antiga Alemanha de Leste, que a emissora internacional alemã Deutsche Welle descreve como “até agora quase desconhecida” e que se tornou o local-símbolo de uma violência repetida, obra de uma minoria de extremistas, por vezes alcoolizados. Os extremistas apuparam-na e gritaram-lhe “traidora”.

“Tratar cada pessoa que chega até nós com dignidade faz parte da auto-imagem do que define a Alemanha”, disse a chanceler. “Não há tolerância para quem questiona a dignidade dos outros”, disse.

Mas ainda ontem a sede do Partido Social-Democrata (SPD) foi alvo de uma chuva de ameaças e teve de ser evacuada após palavras mais duras do vice-chanceler, Sigmar Gabriel, sobre os extremistas.

O Presidente alemão, Joachim Gauck, também visitou um centro em Berlim elogiando os voluntários “que mostram um lado luminoso da Alemanha em contraste com o lado escuro” de quem ataca os centros.

A opinião pública alemã tem sido favorável a receber refugiados — este ano o país espera 800 mil chegadas, o maior número de toda a União Europeia. Mas a minoria que se lhes opõe é cada vez mais violenta. Nos primeiros seis meses do ano registaram-se mais de 150 ataques a centros de refugiados — um aumento face a 2014 (quando houve 170 no ano inteiro).

O jornal de grande circulação Bild fez mesmo manchete dizendo: “Bem-vindos refugiados!”, nota a correspondente em Berlim da emissora britânica BBC Jenny Hill.

A Alemanha suspendeu entretanto temporariamente as regras de Dublin para facilitar a entrada de sírios no país — as regras ditam que os refugiados peçam asilo no primeiro país a que chegam, o que deixa os países-fronteira com uma enorme carga. A excepção agora anunciada é aplicada apenas aos sírios, que uma guerra brutal transformou na nacionalidade com mais refugiados no mundo.

A Comissão Europeia comentou que este era um reconhecimento de que não se pode deixar os Estados-membros na fronteira lidarem sozinhos com um grande número de refugiados. Mas Merkel pediu à Itália e à Grécia que apressem os centros de registo de refugiados, que farão com que mais pessoas peçam asilo nos países de entrada. O ministro italiano dos Negócios Estrangeiros respondeu que Roma já está a fazer “muito mais do que a sua obrigação ao salvar milhares de vidas”.

 

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