Movimentações no PSD para travar candidatura de Rui Rio a Belém

No partido há quem considere “inevitável” a candidatura presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa.

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A biografia autorizada que Mario Jorge Carvalho escreveu sobre Rui Rio foi apresentada a 3 Dezembro 2014 no Porto Fernando Veludo/NFactos

Estreita-se o caminho para Rui Rio avançar com uma candidatura às eleições presidenciais de 2016. O ex-presidente da Câmara do Porto ainda não esclareceu se vai mesmo disputar as presidenciais e aqueles que o querem ver longe desse cenário aproveitam o seu silêncio para participar em “jantares conspirativos” contra uma eventual candidatura do antigo autarca.

“No PSD a candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à Presidência da República é considerada inevitável e, neste momento, há uma movimentação muito grande para que Rui Rio não avance”, disse ao PÚBLICO fonte social-democrata, confirmando a realização de “jantares conspirativos, nos quais têm participado figuras do partido, pessoas com alguma influência no distrito [do Porto] e também ligadas ao futebol”.

“O objectivo deste movimento visa tirar espaço a Rio para ser candidato presidencial”, acrescentou a fonte, ressalvando, porém, que “estas movimentações podem ter um efeito contrário. É que o ex-autarca do Porto lida mal com a pressão e, quando o tentam pressionar a não fazer uma coisa, acaba fazendo”.

Embora considere ter o perfil certo para levar a cabo a grande prioridade que preconiza para o próximo inquilino de Belém - a reforma do regime -, o ex-secretário-geral de Marcelo Rebelo de Sousa assumiu numa recente entrevista à RTP não ter ainda decidido se é candidato presidencial, apesar de ter “70 a 80%” da sua reflexão feita. O seu núcleo duro, porém, desvaloriza o silêncio de Rio e aproveita para cavalgar a posição defendida, recentemente, por Pedro Santana Lopes, que disse que as candidaturas podem ser apresentadas até trinta dias antes das eleições presidenciais, ou seja, em Dezembro, tendo em conta que Outubro pode ser um mês de enorme incerteza e indefinição política.

No domingo, no seu comentário na TVI, o professor apoiou o retardamento das candidaturas presidenciais defendido pelo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, admitindo que estas só apareçam em Dezembro, em cima do prazo da apresentação. Isto porque o resultado das legislativas de 4 de Outubro terá, seguramente, uma influência nos candidatos a Belém.

O líder da concelhia do PSD-Porto, Miguel Seabra, apoia incondicionalmente a candidatura de Rui Rio às presidenciais, porque diz que o ex-autarca “tem o perfil adequado”. “Mesmo que a coligação tenha maioria absoluta, como é desejável, será necessário reunir consensos políticos alargados para promover a reforma do regime. Rui Rio, pelo que tem dito publicamente, tem todas as condições para, como Presidente da República, ajudar a promover essa reforma”, afirma o dirigente do PSD.

O atraso na apresentação das candidaturas presidenciais encaixa que nem uma luva na estratégia do ex-autarca do Porto. Porquê? Porque o que Rio verdadeiramente sempre desejou foi disputar a liderança do PSD, num cenário de derrota da coligação Portugal à Frente, nas legislativas de Outubro. Alguns dos que lhe são próximos insistem nesta solução, tendo em conta o seu perfil executivo.

E qual é a estratégia? Simples. Se as sondagens o derem à frente nas presidenciais e a coligação de direita perder as legislativas, “o ex-autarca retira a sua candidatura a Belém em nome do interesse nacional e fica disponível para ser candidato à liderança do partido num congresso que se realizará depois das legislativas”,  explica fonte do PSD. Desta forma, Rio pretenderá passar a mensagem para o país de que, “apesar de as intenções de voto lhe serem favoráveis, está disposto a abdicar [da candidatura] para tomar conta do partido”.

Desde o início que este foi o cenário traçado por Rio, quando uma parte do partido admitia uma derrota da coligação nas legislativas e António Costa representava, no rescaldo das eleições primárias no PS, uma esperança para o país. Mas de Setembro (data da disputa interna entre António Costa e António José Seguro) até agora muita coisa mudou e, a seis semanas das eleições legislativas, as sondagens apontam para um empate técnico entre a coligação Portugal à Frente e o PS.

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