Parte superior da Avenida da Boavista pode não ter ciclovia

Troço sujeito a obras, que terminaram esta segunda-feira, não tem faixa para ciclistas. Solução está a ser estudada.

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Avenida foi requalificada em dois troços, num total de 2,5 quilómetros Diogo Baptista
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Falta requalificar um troço de 2,3 quilómetros da Avenida Diogo Baptista

O tom avermelhado da ciclovia existente entre a Rotunda da Mouzinho de Albuquerque e a Rua de Agramonte está a desaparecer. E, perante a evidência do erro de concepção deste traçado, que acarreta perigo para os ciclistas, no troço seguinte da Avenida da Boavista, até à Rua Primeiro de Janeiro, a Câmara do Porto nem sequer mandou pintar o chamado slurry, até perceber qual será a solução a adoptar. Que pode passar por não ter, ali, faixa dedicada para as bicicletas.

A hipótese de deixar sem ciclovia toda a zona da Avenida da Boavista a nascente do Parque da cidade – onde a via dedicada existente, junto ao eixo central da avenida, deriva para as ruas interiores, a sul – está a ser estudada pelo município. Essa parte do mais longo eixo urbano da cidade pode ficar como “via partilhada”, em que ciclistas e condutores terão de se habituar a conviver. A solução ainda não está fechada, mas manter a faixa dedicada como está, no topo da Avenida, é que está fora de questão.

A Câmara do Porto – suportada na experiência e nas queixas dos utilizadores e nas boas práticas internacionais – já percebeu, com o actual executivo, que não pode manter uma ciclovia encostada a uma faixa de estacionamento automóvel e saída de garagens. Os riscos para os ciclistas são enormes, e por isso o slurry do topo da avenida vai mesmo desaparecer. Da mesma forma, a empreitada de requalificação do troço superior da Avenida, até à Rua Primeiro de Janeiro, terminou, ontem, sem que essa via dedicada, prevista no projecto, fosse delimitada.

As obras acabaram, e a Boavista é neste momento, uma rua requalificada nos seus topos nascente e poente, num total de 2,5 quilómetros, mas com uma zona com sensivelmente a mesma extensão por requalificar. Rui Moreira já tinha dito que mesmo a obra em curso, lançada ainda por Rui Rio, não lhe parecia prioritária e só uma questão de oportunidade, em termos de financiamento, ditará o avanço das máquinas para o troço entre a Rua Primeiro de Janeiro e o Parque da Cidade.

As duas empreitadas já concluídas demoraram dez anos e custaram dez milhões de euros. E apesar de decididas e parcialmente executadas em mandatos anteriores, o grosso da factura acabou por ser pago pelo executivo de Rui Moreira. Que só recentemente, recorde-se, conseguiu resolver, através do chamado Acordo do Porto, firmado com o Governo, um diferendo com a Metro do Porto, que tomou a responsabilidade de fazer e pagar a primeira obra, na zona do Parque da Cidade – porque alegadamente ali iria passar o metropolitano. A empresa recebeu 3,5 milhões dos cinco milhões que a obra custou. A estes acrescem os 5 milhões a pagar pela requalificação agora concluída.

A Câmara do Porto continua a afirmar que poderá requalificar os 2,3 quilómetros em falta, na avenida, se encontrar fundos comunitários. Mas não se prevê que no Portugal 2020 haja verbas directamente alocáveis a uma empreitada de requalificação de uma rua. O que pode acontecer, explicou o assessor de Rui Moreira, Nuno Santos, é que se houver necessidade de avançar, por exemplo, para uma intervenção na Ribeira da Granja, que passa sob a Boavista na zona da Fonte da Moura, se aproveite para avançar com obra à superfície.

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