Duarte Cordeiro é o novo director de campanha do PS

Ascenso Simões demitiu-se de director de campanha na sequência do caso dos figurantes nos cartazes da campanha do PS.

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Duarte Cordeiro (ao centro) dirigiu a campanha de Manuel Alegre nas eleições presidenciais de 2011 Adriano Miranda

O vereador da Câmara de Lisboa, Duarte Cordeiro, é o novo director de campanha do PS, depois de Ascenso Simões se ter demitido domingo de manhã e ter publicado no Facebook que tinha informado António Costa dessa decisão.

Contactado pelo PÚBLICO, Duarte Cordeiro confirmou as suas novas funções junto de António Costa, mas informou que não tencionava prestar qualquer declaração sobre as suas novas funções.

Até 4 de Outubro, Duarte Cordeiro será substituído na Câmara de Lisboa, onde exerce as funções de vice-presidente de Fernando Medina e detém o pelouro da Higiene Urbana e Estruturas de Proximidade. Será precisamente o presidente da Câmara, Fernando Medina, a assumir os pelouros de Duarte Cordeiro, durante a ausência deste dos Paços do Concelho.

Duarte Cordeiro é presidente da concelhia do PS- Lisboa, foi líder da JS. Há um ano, coadjuvou Ana Catarina Mendonça Mendes como mandatária de campanha de António Costa nas primárias do PS. Anteriormente foi director da campanha de Manuel Alegre na eleição do Presidente da República em 2011.

Na origem da demissão de Ascenso Simões está a polémica gerada pelos cartazes de campanha do PS, em particular o facto de três trabalhadores da Junta de Freguesia de Arroios em Lisboa terem assumido que tinham aceitado ser fotografados para a campanha eleitoral do PS, mas sublinhando que não tinham sido informados de que as suas caras iriam figurar nos cartazes sobre desemprego.

O adeus de Ascenso
“Acabei de informar o secretário-geral do Partido Socialista da minha decisão de cessar as funções de director de campanha”, escreveu Ascenso Simões no Facebook, acrescentando que “quem é responsável por uma máquina deve assumir todas as falhas que ela demonstra, deve tirar ilações de tudo o que, publicamente, se reconhece como erro”.

Na mensagem do Facebook, Ascenso Simões lembra o seu passado “de mais de 35 anos” de militância, que gera “um dever de lealdade”. E acrescenta: “E tenho pelo meu país o respeito de sempre ter feito política assumindo todas as responsabilidades de a fazer com elevação e com decência.”

Sublinhe-se que Ascenso Simões integrou a Mesa da Assembleia da República em representação do PS, durante os dois Governos de António Guterres, e nos Governos de José Sócrates foi secretário de Estado de vários pelouros: Administração Interna; Protecção Civil; e Desenvolvimento Rural e das Florestas.

A título pessoal, Ascenso Simões termina a mensagem no Facebook declarando: “Fico agora mais livre para ser um simples militante que tudo vai fazer para que o PS se consagre como uma verdadeira força de progresso e de modernização da economia portuguesa.”

Fica assim anulada a conferência de imprensa que Ascenso Simões tinha convocado para segunda-feira, na qual iria proceder à apresentação de novos cartazes e de vários materiais de campanha como um jornal de praia.

Tiros nos pés do PS
A contestação aos cartazes do PS viveu várias faces nas redes sociais, com vários socialistas, onde se destacavam apoiante de António José Seguro, como António Galamba, a criticar as opções de linha de campanha política. Mas as críticas versaram primeiro a estética dos cartazes, bem como o facto de uma das situações retratadas referir o caso de um desempregado há cinco anos, isto porque a sua situação de entrada no desemprego caia ainda temporalmente no último Governo de José Sócrates.

Mas o clímax da polémica sobre os cartazes do PS foi atingido na sexta-feira à noite, quando o jornal online Observador noticiou que três dos quatro figurantes dos cartazes temáticos sobre desemprego, que o PS tinha elaborado para colocar em quatro locais de Lisboa, não eram desempregados, mas sim trabalhadores da Junta de Freguesia de Arroios.

Uma dessas figurantes disse então ao Observador que tinha aceitado ser fotografada, ao ser convidada a colaborar na campanha do PS por Margarida Martins, presidente da Junta de Freguesia de Arroios, onde então trabalhava. A mesma mulher afirmou que não sabia que a sua fotografia iria ser usada naquele cartaz.

Logo na noite de sexta-feira, o PS emitiu um comunicado em que pedia “desculpas públicas, em especial às pessoas implicadas", pelo sucedido. E afirmava então que  já tinha solicitado "esclarecimentos pormenorizados aos fornecedores e prestadores de serviços, bem como todas as informações necessárias a que se possa avaliar o procedimento seguido”. A nota dos socialistas refere ainda "que, ao contrário do que foi divulgado por alguns órgãos de comunicação social, o cartaz não é da autoria de Edson Athayde".

Já no sábado Margarida Martins, que é eleita pelo PS, enviou uma nota de esclarecimento à Lusa onde dizia que a sua intervenção se limitou em estabelecer o contacto “com alguns colaboradores da Junta de Freguesia no sentido de saber se queriam ou não integrar a campanha” e que “alguns colaboradores aceitaram, de forma voluntária, a participar enquanto figurantes”. Mas considerava que “a responsabilidade do que se passou, posteriormente, é da organização de campanha do partido”.

Logo no sábado, o presidente da concelhia do PSD de Lisboa, Mauro Xavier, declarou ao PÚBLICO que o PSD vai questionar a Câmara Municipal de Lisboa sobre se “tenciona manter a confiança política na presidente da Junta de Arroios”, assim como pretende questionar Margarida Martins sobre “se vai ou não assumir a responsabilidade pelos seus actos”.

Mauro Xavier declarou-se “revoltado com a utilização de funcionários da junta para a campanha eleitoral do PS” e considerou que tal procedimento “não é normal quando é pago por dinheiro público”. Em causa, frisou, estão “estagiários do programa de emprego do centro de emprego”. E conclui: “Tanto não é normal que as pessoas se sentiram incomodadas e vieram a público manifestar o seu incómodo”.

Assim, Mauro Xavier garante que na próxima reunião do município o PSD vai questionar “a câmara sobre se se revê nesta conduta e se considera que ela pode ser repetida por outros presidentes de junta ou se vai retirar a confiança política à presidente da junta de Arroios”.

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