É o primeiro troféu da temporada, mas é muito mais do que isso

O muito antecipado reencontro de Jorge Jesus com o Benfica vai acontecer esta noite na Supertaça. Após semanas de expectativa, os “encarnados” tentam revalidar o título e os “leões” recuperá-lo.

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Paulo Oliveira e Samaris deverão reencontrar-se hoje no relvado José Manuel Ribeiro/AFP

A temporada ainda agora está a começar, mas o ambiente já está que escalda. Num ano em que o futebol português mal teve direito a férias – poucos dias depois do último jogo da época 2014-15, rebentava a “bomba” Jorge Jesus – as movimentações a que os adeptos foram assistindo carregaram a Supertaça de uma importância invulgar. O campeão, Benfica, e o vencedor da Taça de Portugal, Sporting, enfrentam-se esta noite (20h45, RTP1) no Algarve e em causa está o primeiro troféu do ano. Uma forma de legitimação que nenhum dos técnicos pode dar-se ao luxo de desprezar: Rui Vitória necessita de consolidar a sua posição, após uma pouco produtiva digressão americana, e Jorge Jesus precisa de provar que é mesmo dele a receita para conquistar títulos.

O efeito-surpresa provocado pela mudança de Jorge Jesus para Alvalade após seis anos no Benfica foi evidente quando, vindas da Luz, logo soaram acusações de ingratidão relativamente ao técnico. Mas, passado o choque, as farpas têm voado na direcção inversa. O novo treinador do Sporting admitiu que no último ano não se sentiu desejado pelo Benfica, e mais recentemente teve o seu sucessor, Rui Vitória, na mira: “Tenho visto o Benfica com o mesmo sistema, a mesma ideia de jogo, a estratégia nas bolas paradas, tudo igual. Tenho de dar os parabéns ao treinador do Benfica, que é inteligente e manteve tudo igual numa equipa que ganhou tudo”, disse na antevisão do jogo da Supertaça.

Em Alvalade, Jesus foi recebido em apoteose não só por ser adepto “leonino”, mas principalmente por ter sido jogador do clube, tal como o seu pai. Visivelmente emocionado, o técnico correspondeu ao prometer lutar por todos os títulos. As semanas seguintes serviram para galvanizar ainda mais os “leões”, com a chegada de reforços sonantes como Bryan Ruiz, Teófilo Gutiérrez ou Alberto Aquilani. E o técnico dificilmente poderia sonhar com melhor arranque ao leme do Sporting do que uma estreia vitoriosa, com a conquista de um troféu frente à antiga equipa, como se se visse ao espelho – para mais, no palco onde também ergueu a primeira taça ao serviço do Benfica, quando em Março de 2010 bateu o FC Porto e conquistou a Taça da Liga.

A Rui Vitória, o escolhido para suceder a Jorge Jesus, caberá uma missão difícil. Vai ocupar o lugar de um treinador inegavelmente bem-sucedido – conquistou títulos, devolveu prestígio aos “encarnados” e valorizou jogadores – e a comparação pairará sempre sobre a sua cabeça. A juntar a isso, há o objectivo anunciado pelo presidente Luís Filipe Vieira de dar mais espaço aos jovens formados no Seixal na equipa principal. Soma-se ainda o facto de o Benfica ter visto sair um dos seus símbolos, Maxi Pereira, para o rival FC Porto. E uma pré-época que deixou mais dúvidas do que certezas, com uma longa digressão que colocou à vista algumas fragilidades. Carcela e, principalmente, Mitroglou, são os reforços que provocam maiores expectativas.

Quanto às provocações de Jorge Jesus, Rui Vitória deixou-as sem resposta – pelo menos para já. “O presente e o futuro é que me importam. O passado não vale a pena discutir agora. Sou respeitador para toda a gente. Respondo e falo com quem quero, quando quero. Estamos na véspera de uma final, um Benfica-Sporting, e isso passa acima de qualquer coisa. Da minha parte não têm resposta nenhuma, porque neste momento não quero falar”, frisou o técnico, acrescentando: “Estou concentrado no jogo. É um derby com tradição no futebol português. Como me preocupo muito com a minha equipa, o resto não me interessa para nada.”

Benfica e Sporting foram adversários duas vezes na história da Supertaça, com um troféu para cada lado. Como se já não bastasse tudo o que rodeia esta final, há ainda essa contabilidade para desempatar.

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