No 9.º ano só 6% dos que tentaram 2.ª oportunidade a Matemática tiveram positiva

Ministério sublinha necessidade de as escolas “identificarem cada vez mais cedo” as dificuldades dos alunos no ensino básico. Mas garante que uma “percentagem razoável” conseguiu nesta 2.ª fase passar de ciclo. Para já não diz quantos.

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Alunos que vão à 2.ª fase já revelaram, na maioria dos casos, grandes dificuldades ao longo do ano Rui Gaudêncio

Este foi o primeiro ano em que muitos alunos do 3.º ciclo do ensino básico tiveram a hipótese de realizar uma 2.ª fase de exames nacionais, à semelhança do que já se verificava nos 4.º e 6.º anos e ensino secundário. Objectivo: dar “mais uma oportunidade” aos que tinham mais dificuldades para “recuperarem os resultados da sua aprendizagem, após um período suplementar de estudo”, nas palavras do Ministério da Educação e Ciência. E os resultados são estes: a Português a média nacional foi de 47% e a Matemática de apenas 20%.

Nos exames do básico, a escala de classificação dos exames nacionais vai de zero a 100. E a da classificação interna (atribuída pelos professores ao longo do ano) vai de 1 a 5. O ministério fornece dados que permitem ver quantos alunos conseguem nos exames finais o equivalente aos níveis 1 e 2 (negativa) e aos níveis 3,4 e 5 (positiva). Feitas as contas: apenas 6% dos 7375 alunos que fizeram a prova de Matemática “conseguiram obter nível igual ou superior a 3”, lê-se no comunicado emitido nesta terça-feira.

A Português, pouco mais de metade (52%) dos 6425 que realizaram exame atingiram essa fasquia.

Para o ministério de Nuno Crato, estes resultados “mostram a existência de uma percentagem elevada de alunos com dificuldades significativas nestas disciplinas estruturantes, o que vem confirmar a necessidade de as escolas identificarem cada vez mais cedo essas dificuldades nos primeiros anos do ensino básico”.

Para a presidente da Associação Portuguesa de Professores de Matemática, os dados revelam “um nível muito baixo de aprendizagens” e a falta de "apoios diferenciados”. Lurdes Figueiral diz que só não se surpreende, porque os resultados da 1.ª fase já tinham revelado o mesmo: "imensas dificuldades" naquele que é "o ensino básico, obrigatório". Quanto às provas em si que os alunos tiveram que fazer, “foram adequadas”. Por isso, o problema não está nos exames. Está nas opções que têm sido feitas: “Os professores andam a correr de um lado para o outro, com tarefas burocráticas, não há apoios diferenciados, cortou-se na educação especial...”

Foram realizadas um total de 13.844 provas a Português e Matemática por alunos que cumpriam os seguintes requisitos: ou tinham frequentado a escola ao longo do ano, mas não tinham obtido aprovação após a realização das provas finais de ciclo na 1.ª fase; ou tinham chegado ao final do 3.º período e não se encontravam em condições de admissão à 1.ª fase de exames; ou tinham ficado retidos por faltas ao longo do ano; ou, por fim, tinham faltado à 1.ª fase por motivos excepcionais, como uma hospitalização, por exemplo.

Em suma, podiam ir à 2.ª fase (que se realizou a 16 de Julho, para Português, e a 20 de Julho, para Matemática) essencialmente alunos autopropostos, que já tinham demonstrado maiores dificuldades ao longo do ano lectivo.

O Ministério da Educação e Ciência diz que ainda não dispõe de números, mas garante que há “uma percentagem razoável de alunos que com esta 2.ª fase conseguiu cumprir as condições necessárias para passar de ciclo”.

Os resultados da 1.ª fase, onde a generalidade dos alunos do 9.º ano presta provas (um total de 189.954 exames), foram divulgados no início de Julho. Contra as expectativas dos representantes dos professores e da sociedade científica de Matemática, a média dos que fizeram a prova de Matemática baixou três pontos percentuais em relação a 2014, de 51% para 48%. A Português, os resultados melhoraram três pontos percentuais relativamente ao ano passado, com a média a ficar a nos 58%.

Também na altura o ministério emitiu um comunicado onde dizia que os resultados da 1.ª fase revelavam “a existência de uma percentagem elevada de alunos com dificuldades significativas”.

A 2.ª fase das provas finais do 3.º ciclo decorreu em 1242 escolas de Portugal Continental e Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, bem como nas escolas no estrangeiro com currículo português e foram classificadas por 839 professores classificadores.

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