Frontex tem de contratar aviões para vigiar Mediterrâneo

Países da União Europeia não mandam meios suficientes para patrulhar o mar cruzado diariamente por milhares de pessoas que tentam imigrar para a Europa

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Imigrantes no Mediterrêano salvos pela organização privada MOAS e Médicos Sem Fronteiras Darrin Zammit Lupi/REUTERS

A falta de empenhamento dos países da União Europeia no patrulhamento do Mediterrâneo, que todos os dias é cruzado por embarcações frágeis carregadas de imigrantes provenientes das costas da Líbia, obrigou a Frontex, a agência europeia de controlo das fronteiras, a contratar os serviços de empresas privadas para fazerem a vigilância área, afirmou o director adjunto da agência, o espanhol Gil Arias.

“Falta-nos tudo, mas sobretudo aviões”, afirmou à agência noticiosa espanhola Efe, depois de ter dito, em entrevista à rádio Cadena Ser, que “os serviços que vamos ter de contratar saem mais caros do que se fossem desempenhados pelos Estados-membros da UE”. Mas os governos europeus apenas disponibilizaram “pouco mais de 10% dos meios que a Frontex requisitou” para fazer frente ao enorme aumento do fluxo imigratório no Mediterrâneo.

No Verão, quando dispara o número de imigrantes que atravessa o Mediterrâneo para chegar à Europa, através de países como a Itália e a Grécia, Arias reconheceu à Efe que a Frontex é obrigada a “sobreviver” com escassos meios materiais cedidos pelos membros da União Europeia – embora disponha de um orçamento mais do que suficiente. “De pouco serve ter mais dinheiro se a Frontex não dispõe de meios materiais”, afirmou.

“Dispomos de alguns avisões cedidos, mas não são suficientes”, afirmou. As patrulhas aéreas, explicou, “são necessárias para o controlo e resgate de pessoas no mar, já que permitem detectar de forma precoce as embarcações dos imigrantes”. Os meios aéreos são fundamentais para as operações de salvamento: “Tornam possível acudir a tempo, para evitar tragédias humanas em caso de naufrágios”.

Os aviões da empresa contratada pela Frontex só devem entrar em acção em Setembro. Até lá, “será preciso sobreviver com o que temos, que é muito menos do que necessitávamos”, afirmou Gil Arias.

Esta não é a primeira vez que a Frontex recorre a serviços aéreos privados, embora agora a situação seja “um tanto ou quanto desesperada”, afirmou Gil Arias.

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