Plataforma cultural da Google quer expandir-se aos quatro cantos do mundo

Projecto lançado em 2011 permite visitar, ainda que virtualmente, o património cultural de vários pontos do globo.

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A plataforma já contém mais de seis milhões de itens culturais e 60.000 obras de arte REUTERS/Lucy Nicholson

O Cultural Institute, plataforma digital de divulgação cultural da Google, com sede em Paris, quer disponibilizar imagens que espelhem o património de países "menos acessíveis" aos roteiros culturais, disse à agência Lusa a directora do projecto.

Luisella Mazza manifestou a vontade de continuar a "partilhar cultura, arte e história com um público cada vez mais amplo", nomeadamente a de locais menos expostos.

Portugal está presente nesta rede digital desde 2012, da qual fazem parte mais de 60 nações e com a qual colaboram mais de 800 museus e instituições de cariz cultural de todo o mundo.

Os jardins da Gulbenkian, o Museu de Arte Moderna em Nova Iorque (MoMA) ou objectos alusivos à II Guerra Mundial são apenas alguns exemplos do que pode ser visto ao pormenor na plataforma, criada em 2011 pela multinacional de origem norte-americana, e que permite visitar, ainda que virtualmente, o património cultural de vários pontos do globo.

"Tudo começou num esquema 'a 20%': tivemos a oportunidade de começar um projecto que não estaria necessariamente relacionado com a nossa área de trabalho e para o qual dedicámos essa percentagem do nosso tempo laboral", explicou a directora, que fez parte desse grupo inicial de "apaixonados pela história da arte".

Se, em 2011, apenas 17 museus colaboravam com a iniciativa, hoje estão estabelecidas quase mil parcerias com instituições culturais que "podem manifestar o seu interesse através da página [do GCI]".

Concebido inicialmente para a divulgação da arte, o Cultural Institute estendeu a sua oferta, ao longo dos anos, desdobrando-se actualmente em três secções: Art Project (peças e colecções de arte), Historic Moments (projectos de natureza documental) e World Wonders (sítios de interesse histórico e/ou cultural).

O utilizador pode "passear" entre peças, colecções e locais de todo o mundo, organizados e relacionados de acordo com as suas ligações históricas.

É possível pesquisar conteúdos em função do nome do artista, da obra, do tipo de arte, do museu, da cidade ou da colecção que se pretende visualizar. O utilizador — registado na plataforma através da sua conta Google — pode ainda guardar os seus documentos favoritos para posterior consulta, partilhá-los ou compará-los entre si. A plataforma já contém mais de seis milhões de itens culturais e 60.000 obras de arte.

Para poder digitalizar e disponibilizar estas visitas virtuais, a Google recorreu a tecnologias de captação de imagens de 360º, que permitem ao utilizador explorar os locais quase na íntegra.

"No entanto, nenhuma realidade virtual pode substituir a visita em si", contrapõe Luisella Mazza, destacando o papel do GCI apenas enquanto "inspiração para ajudar a saber mais sobre os sítios antes de visitar" ou uma alternativa para "pessoas que não o podem fazer ou preferem fazê-lo de modo virtual".

A directora da plataforma sublinhou ainda que "o projecto está em constante desenvolvimento técnico" e que "a equipa se encontra a desenvolver novas ferramentas para aprimorar o serviço", apontando como exemplo uma aplicação móvel oficial.

"Cerca de 50 organizações culturais já criaram as suas aplicações e ferramentas móveis a partir do serviço do GCI", explicou Mazza.

Apontou como principal problema, porém, a organização das obras e colecções, que podem ser submetidas tanto a título singular como em forma de exposição, o que pode dificultar o acesso dos utilizadores a uma peça em específico.

A directora enfatizou, por último, a recente entrada de projectos vindos de países como a China, Austrália e Coreia do Sul, na senda desta vontade de "alastrar o GCI aos quatro cantos do globo".

 

 

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