Quedas são a principal causa dos acidentes em casa

Estudo diz que acidentes domésticos ou em situações de lazer afectam mais os homens até aos 54 anos e as mulheres com mais de 55 anos.

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Publico /Arquivo

Entre 2010 e 2014, as urgências dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) deram resposta a perto de 25 mil casos de acidentes que aconteceram em casa ou em momentos de lazer. As quedas estiveram na origem da maior parte dos incidentes que precisaram de cuidados nos hospitais, com as contusões e os hematomas a surgirem no topo da lista das principais consequências, indica um estudo do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa).

O trabalho, publicado na edição de Julho a Setembro do Boletim Epidemiológico Observações do Insa, agora divulgado, pretendeu apurar o número e tipo de acidentes caseiros e de lazer que decorreram em Portugal nestes cinco anos. O estudo contabiliza neste tipo de acidentes todos os casos cuja causa não seja doença, acidente de viação, acidente de trabalho ou violência. A amostra conta com dados de 1 de Janeiro de 2010 a 30 de Setembro de 2014 numa amostra de serviços de urgência do SNS considerados representativos.

As conclusões indicam que no período temporal em estudo, o número de acidentes domésticos e de lazer (ADL) registados ascendeu a 24.752. Regra geral os acidentes afectaram mais os indivíduos do sexo masculino entre os zero e os 54 anos e as mulheres com mais de 55 anos. “No total, a percentagem de ADL foi superior no sexo masculino (52,8%) em relação ao feminino (47,2%)”, lê-se no trabalho. Ainda no que diz respeito a diferenças entre sexo e grupo etário, “as crianças menores de um ano registaram valores mais elevados no sexo feminino em 2010 e 2013 e no sexo masculino nos restantes anos”.

Os autores avançam algumas explicações para as diferenças entre sexos, nomeadamente o “facto de os homens preferirem actividades com maior risco físico ou práticas desportivas mais radicais. Pelo contrário, nos grupos etários mais elevados são as mulheres que surgem com a maior proporção de ADL, o que poderá traduzir o facto de a população geral conter uma maior proporção de mulheres em idades mais avançadas”.

Na origem dos acidentes que levaram as vítimas às urgências estiveram quase sempre as chamadas “quedas ao mesmo nível”, seguidas por “quedas não especificadas”. Houve também muitos casos na sequência de objectos em movimento, cortes, incidentes com objectos parados e quedas relacionadas com escadas. Os acidentes podem dar origem a várias lesões, mas as frequentes as contusões e hematomas, que “constituíram mais de metade de todas as lesões registadas durante o período considerado, seguindo-se ferida aberta, sendo que este padrão se reflecte em todos os grupos etários”.

Os autores ressalvam, contudo, que na análise das conclusões é preciso ter em consideração que a amostra dos hospitais não traduz a realidade completa do país e apela-se a alguma “cautela” já que “pois a informação é declarada pelo acidentado ou acompanhante, ou seja sem base no diagnóstico médico”.

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