A sonda olhou para trás e viu as brumas de Plutão

Mais fotos e descobertas sobre o planeta-anão e a sua principal lua reveladas pela equipa da sonda New Horizons da NASA.

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Plutão fotografado a contraluz pela sonda New Horizons NASA
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A mais recente imagem de Plutão em falsas cores AFP
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Plutão em cores verdadeiras NASA
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Os Montes Hillary, nova cadeia montanhosa descoberta na orla noroeste da planície gelada de Plutão NASA
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Plutão e Caronte como seriam vistos por um observador a bordo da sonda NASA

Na mais recente imagem vinda da sonda New Horizons, a silhueta “quase perfeitamente esférica” de Plutão destaca-se no meio de um brilhante anel de luz do Sol. “A imagem mostra que a atmosfera de Plutão é brumosa, o que é uma enorme descoberta”, declarou Alan Stern, líder da equipa científica da missão a Plutão da NASA, na sexta-feira ao fim da tarde (hora de Lisboa), durante a conferência semanal transmitida em directo pela Web.

A sonda da agência espacial norte-americana tirou a fotografia quando, a seguir à sua passagem ao pé de Plutão e do seu companheiro Caronte, virou a sua câmara para trás à medida que se afastava a toda a velocidade deste sistema binário de corpos que giram em torno do Sol, a caminho da chamada Cintura de Kuiper e dos confins do sistema solar.

“Esta imagem deixou-nos estonteados”, disse Michael Summers, um outro elemento da equipa. “É a primeira vez que vemos realmente a atmosfera de Plutão, é o primeiro cheirinho que temos do seu clima.”

Os cientistas descobriram ainda uma outra coisa a propósito das brumas de Plutão: elas estendem-se até a cerca de 160 quilómetros de altitude. “Cinco vezes mais do que se previa”, salientou Summers. “Mais um mistério que teremos de resolver.”

Os cientistas também conseguiram medir o peso da atmosfera à superfície do planeta-anão – e aí também, tiveram uma surpresa: a pressão atmosférica à superfície é substancialmente inferior ao que esperavam e parece ter diminuído em poucos anos. “Também não percebemos porquê”, frisou Summers. A equipa estima que a pressão atmosférica de Plutão é inferior a dez microbares (milionésimos da pressão atmosférica terrestre ao nível do mar).

Do ponto de vista da actividade geológica, tudo indica que existe um fluxo de gelo de azoto nas orlas da grande e gelada Planície de Sputnik (descoberta há uma semana no “coração” de Plutão). “É um fluxo semelhante ao dos glaciares na Terra”, salientou Bill McKinnon, geólogo da equipa. Outra das imagens apresentadas parece aliás mostrar o gelo a encher uma grande cratera, formando “um lago de gelo de azoto”, nas palavras deste especialista.

Os cientistas descobriram ainda uma segunda cadeia de montanhas, na orla da planície, que baptizaram de Montes Hillary em homenagem a Edmund Hillary, que foi o primeiro, juntamente com o nepalês Tenzing Norgay, a escalar o Evereste. Recorde-se que já tinham baptizado de Montes Norgay uma primeira cadeia de altas montanhas, descoberta na semana passada.

Quanto a Caronte, tudo continua a indicar que, a ter uma atmosfera, ela deverá ser “extremamente ténue”, disse Stern.

Alguém perguntou no fim se Plutão não mereceria, na realidade, mais do que a designação de planeta-anão. “Acho muito difícil não chamar planeta a algo tão complexo como Plutão”, respondeu sem hesitar Stern, remetendo contudo para o futuro a decisão da comunidade científica sobre o estatuto do mais longínquo grande corpo do sistema solar.

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