Homossexualidade, o tema tabu

No Quénia, os "actos homossexuais" podem ser punidos com uma pena até 14 anos de prisão.

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A homossexualidade é crime em 37 países africanos Jessica Rinaldi/Reuters

Há um tema tabu na visita de Barack Obama ao Quénia — a homossexualidade, que aqui é um crime, como em mais 36 países do continente africano. O "tema", já deixou claro o Presidente Uhuru Kenyatta, "não é um tema" na agenda dos dois líderes, apesar das expectativas dos grupos de defesa dos direitos civis dos homossexuais.

"[A homossexualidade] não é um tema para o povo deste país e certamente que não está na nossa agenda, de todo", disse o chefe de Estado queniano, depois de os jornais locais terem sublinhado que o Supremo Tribunal dos Estados Unidos considerou o casamento entre pessoas do mesmo sexo um direito constitucional e que Obama poderia abordar o tema, como desejam os activistas. "Enquanto país e enquanto continente, enfrentamos questões muito mais sérias em que queremos envolver os EUA e todos os nossos parceiros", disse Kenyatta.

Um relatório recente da Academia de Ciências da África do Sul diz que em todo o continente africano se verifica uma tendência crescente para a criminalização dos homossexuais, com uma argumentação que se baseia na condenação de comportamentos "não naturais". No Quénia, os "actos homossexuais" podem ser punidos com uma pena até 14 anos de prisão. A homofobia está muito enraizada na sociedade e o vice-presidente, William Ruto, desaconselhou os que pretenderem "envolver-se nessas coisas" a saírem do país.

"Obama não é o típico Presidente dos Estados Unidos. O seu pai era queniano e vem visitar o Quénia. Não haverá outro Presidente dos EUA na posição em que ele está para falar dos direitos LGBT no Quénia. É uma oportunidade que só surge uma vez na vida", disse Adian Jjuuko, director do fórum Human Rights Awareness do Uganda. Na sua última viagem ao continente africano, Obama referiu-se aos direitos dos homossexuais em África e apontou as falhas das leis com o Presidente do Senegal, Mackay Sall. Jjuuko diz que o fez de forma muito superficial e que deveria, agora, ser mais directo.

Os grupos contra a homossexualidade também se estão a mobilizar para receberem Obama. Um deles anunciou que vai promover uma manifestação com cinco mil pessoas nuas — o objectivo é mostrar ao Presidente americano as diferenças entre homens e mulheres; a imprensa queniana diz que o grupo está a ter dificuldade em arranjar voluntários para se despirem.

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