SNS duplicou despesa com convencionados na área das colonoscopias

No ano passado, o SNS pagou 153 mil colonoscopias em estabelecimentos com convenção com o Estado, o que representa mais 35 mil exames do que em 2013. Ainda assim são vários os relatos de dificuldade no acesso aos exames.

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A maior fatia do orçamento continua a ser gasta com análises Adriano Miranda

A despesa do Estado com exames e análises pagos ao sector convencionado emagreceu sempre desde 2011, mas em 2014 a tendência inverteu-se pela primeira vez. No ano passado o Serviço Nacional de Saúde gastou mais de 360 milhões com os exames complementares dos seus utentes feitos em locais com acordos, o que representou um crescimento de 8,5%. Mesmo assim, em 2011 a factura era de mais de 418 milhões. A maior fatia continua a ser canalizada para as análises clínicas, mas a subida foi sobretudo à custa das endoscopias gastrenterológicas, onde se inserem as colonoscopias, que viu a sua despesa duplicar de 10,4 milhões de euros para 22,3 milhões.

A subida do número de colonoscopias acontece quando 2014 ficou marcado, logo em Janeiro, pelo caso de uma doente que esperou dois anos por um exame destes, o que atrasou o diagnóstico de um cancro colo-rectal. Mesmo com o aumento, continuam a existir vários relatos de dificuldade em marcar colonoscopias tanto nos hospitais públicos como nos convencionados, com clínicas com grandes listas de espera que obrigam os doentes a ir de madrugada tentar uma vaga.

“Mais de 40% dos encargos suportados com as entidades do sector convencionado tem a ver com a área das análises clínicas, seguindo-se a radiologia e a medicina física e reabilitação”, explica o Relatório Anual sobre o Acesso a Cuidados de Saúde nos Estabelecimentos do SNS e Entidades Convencionadas de 2014, enviado para a Assembleia da República e a que o PÚBLICO teve acesso. De acordo com o documento do Ministério da Saúde “foram realizados quase 60 milhões de exames no sector convencionado no ano de 2014, sendo que 80% desses exames foram da área das análises clínicas”. De fora destes valores ficam os acordos relacionados com a diálise e as pessoas operadas no âmbito do programa Sigic, de gestão da lista de espera para cirurgias.

De 2013 para 2014 foram várias as áreas com mais exames (e mais despesa) nos convencionados, mas as endoscopias destacam-se largamente, com mais 113% de encargos. Depois deste valor, o maior crescimento foi de 22% na área da otorrinolaringologia. No total tinham sido feitas quase 346 mil endoscopias gastroenterológicas em 2013 e no ano passado foram realizadas mais de 632 mil. Dentro destas endoscopias, quase 153 mil exames corresponderam a colonoscopias, quando em 2013 eram pouco mais de 118.

“O ano de 2014 ficou ainda marcado pela criação de um novo pacote de cuidados ao abrigo da convenção para a endoscopia gastrenterológica, de forma a garantir a realização de endoscopias digestivas baixas (colonoscopias) associada à analgesia ao doente, reduzindo o efeito dissuasor à realização do exame”, lembra o relatório, que indica também que os hospitais públicos fizeram mais 3745 colonoscopias em 2014, o que representou um total de quase 117 mil.

 

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