Criança de três anos morre electrocutada nas festas de Odivelas

Pai foi pedir ajuda aos bombeiros a correr, com o menino nos braços. Equipa médica tentou, durante mais de uma hora, reanimar o menor, que terá sofrido uma descarga de um poste de iluminação

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Seis das nove ambulâncias serão operadas pelo INEM e três por bombeiros. Nelson Garrido (arquivo)

Uma criança de três anos morreu na madrugada deste domingo. Terá sido vítima de uma descarga eléctrica de um poste de iluminação no recinto das festas da cidade de Odivelas, no parque urbano do Silvado.

Cerca da 01h00, quando os bombeiros que costumam estar de prevenção nestas festas já se preparavam para ir embora, o pai apareceu a correr com um menino ao colo. “Já estávamos a acabar o nosso horário e fomos surpreendidos por isto. Iniciámos de imediato as manobras de reanimação e pedimos ajuda ao Instituto Nacional de Emergência Médica, que enviou a viatura médica de emergência e reanimação do Hospital de São José”, relata o chefe dos Bombeiros Voluntários de Odivelas, João Bernardino, que esteve no local.

De acordo com o mesmo responsável, o pai explicou que o filho tinha estado em contacto com o poste momentos antes. Trata-se de um poste metálico encimado por um projector de iluminação ali montado pelos serviços da junta de freguesia, que é a entidade que organiza as comemorações da elevação de Odivelas a cidade. 

A equipa médica e os bombeiros estiveram a tentar reanimar durante mais de uma hora a criança, que foi levada para o hospital de Loures, mas não resistiu aos ferimentos. A polícia desconhece as causas da morte, sabendo apenas que depois de ter tocado no poste teve convulsões e caiu inanimada.

Apesar do sucedido, a Junta de Freguesia de Odivelas não cancelou este domingo o último dia das comemorações, o que lhe valeu algumas críticas na sua página do Facebook. Foi aí que o presidente da junta, Nuno Gaudêncio, colocou uma nota informativa manifestando “o seu profundo pesar pelo incidente”. A autarquia referiu ainda que “encetou todas as diligências necessárias com vista ao apuramento dos factos, assumindo total cooperação com todos os envolvidos, em estreita colaboração com as autoridades”. À família do rapaz a junta expressou “as mais sentidas condolências”.

“Não sabemos exactamente o que se passou com a criança”, disse o autarca ao PÚBLICO, adiantando que as condições técnicas dos postes foram verificadas já depois do acidente, tendo-se confirmado que “não passava corrente” neles, uma vez que os cabos eléctricos foram ligados por cima, por via aérea. Quanto à instalação do sistema eléctrico do recinto, segundo Nuno Gaudêncio foi feita, como habitualmente, pelos electricistas da junta de freguesia, sob a supervisão de um técnico credenciado que é todos os anos contratado para o serviço. Mesmo assim, e por precaução, ontem à noite foram desligados os candeeiros da zona onde ocorreu o acidente, adiantou o autarca. 

A EDP Distribuição rejeita qualquer responsabilidade no sucedido. “A EDP Distribuição fez no local, e a pedido dos organizadores do evento, uma ligação eventual, para ser desmontada no final das festas. Tudo o que acontece do contador da EDP para dentro é da responsabilidade da organização” das comemorações da elevação a cidade, frisa uma porta-voz da empresa, Maria Antónia Fonseca. “Os organizadores mostraram-nos um termo de responsabilidade assinado por um técnico”. Por outro lado, acrescenta a mesma porta-voz, a EDP não registou nenhuma sobrecarga eléctrica no seu sistema naquele local nessa noite.

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