Líder do CDS-Madeira encabeça lista às legislativas

José Manuel Rodrigues foi anunciado ontem por Paulo Portas, durante um jantar com militantes no Funchal. Rui Barreto, o deputado que votou contra o orçamento de 2013 e absteve-se no de 2014, não sabe se vai continuar em São Bento.

Foto
Paulo Portas e José Manuel Rodrigues quando este último foi eleito líder do partido na Madeira, em 2012. DR

O líder do CDS-Madeira, José Manuel Rodrigues, vai encabeçar na região a lista do partido às eleições legislativas do Outono. O anúncio foi feito este sábado, aproveitando a visita à Madeira do presidente do CDS-PP, Paulo Portas.

Rodrigues tem sido o rosto das últimas campanhas eleitorais dos centristas na Madeira: foi cabeça-de-lista nas legislativas de 2011, nas autárquicas de 2013 concorreu à presidência da Câmara do Funchal, e já este ano liderou o partido nas eleições regionais.

Próximo de Paulo Portas, que este sábado o elogiou sempre que teve oportunidade, José Manuel Rodrigues, esteve na Assembleia da República como deputado entre 2009 e 2011. Logo no início desta legislatura pediu a suspensão do mandato para ocupar o lugar no Parlamento madeirense, tendo sido substituído por Rui Barreto.

É precisamente Rui Barreto que está no centro de uma polémica envolvendo a lista que os centristas madeirenses vão apresentar. Barreto, que se tornou conhecido em termos nacionais ao contrariar a disciplina de voto do CDS-PP, votando contra o Orçamento de Estado de 2013 – pelo que acabou por ser suspenso por cinco meses pelo conselho de jurisdição do partido - e abstendo-se no de 2014, mostrou-se disponível para cumprir mais um mandato em São Bento.

As declarações não foram bem recebidas no Funchal. A direcção regional do partido considerou-as extemporâneas e José Manuel Rodrigues não deixou de sublinhar que as escolhas são feitas por ele.

O certo é que só na próxima semana é que o partido irá oficialmente divulgar os nomes que concorrem a São Bento pela Madeira, e nem a presença de Paulo Portas na região acelerou esse calendário.

O líder centrista começou o dia no concelho de Santana, onde o partido tem a única câmara municipal na Madeira. Reuniu com os autarcas locais e visitou uma feira gastronómica. No final da tarde, foi à Quinta Vigia, residência oficial do presidente do Governo regional, apresentar cumprimentos a Miguel Albuquerque antes de participar no jantar de aniversário do CDS-Madeira.

Foi aí que Portas anunciou o nome de José Manuel Rodrigues para São Bento e explicou as razões que levaram os centristas a não concorrerem coligados com o PSD na Madeira. Justificações dadas também por Rodrigues. “Existe uma circunstância especial na Madeira, que não acontece noutra zona do país, em que o PSD é Governo e o CDS é o principal partido da oposição”, disse ao PÚBLICO o líder-candidato, vincado o apoio do partido à coligação PSD/CDS no continente.

PSD elogia quem fica de fora
Apoio também reforçado este sábado pelo PSD-Madeira, que reuniu o conselho regional. “O conselho manifesta o seu inequívoco apoio à coligação formalizada pelos líderes nacionais do PSD e do CDS/PP”, disse Adolfo Brazão no final da reunião, justificando a decisão dos social-democratas em avançarem com lista própria com a “tradição política” do partido na Madeira.

O actual quadro partidário regional e a interpretação que o PSD-Madeira faz da “vontade” e “sentimento” dos madeirenses contribuíram também para a decisão, que já tinha sido explicada esta semana pela comissão política do partido.

O PSD-Madeira considera que, “pese todas as dificuldades” que marcaram a actual legislatura, o esforço do Governo na consolidação das contas públicas “não pode ser ignorado”, porque vai permitir o “crescimento e a recuperação” da economia.

“Nunca é demais recordar que a crise social, económica e financeira - que desde 2011 condicionou irreversivelmente a acção e a capacidade de decisão e de escolha do actual Governo - resultou da desastrada governação do governo socialista anterior”, acusou Adolfo Brazão, que preside ao conselho regional.

No final, houve uma palavra para os actuais deputados do partido na Assembleia da República – Guilherme Silva, Correia de Jesus e Hugo Velosa -, que não fazem parte da lista apresentada esta semana. “Reconhecemos a dedicação, o esforço e a qualidade imposta no exercício dos seus cargos e na defesa dos interesses da região e dos madeirenses”, elogiou Adolfo Brazão, um dia depois do ex-líder do PSD-Madeira, Alberto João Jardim, ter ido à televisão criticar a forma como o processo foi conduzido.

Jardim não concorda com a renovação total apresentada por Miguel Albuquerque, acusando o actual líder dos social-democratas madeirenses de estar a afastar jardinistas, como Guilherme Silva, do partido.

Sugerir correcção
Comentar