Direcção-Geral da Saúde procura nova vacina contra a tuberculose

A vacina BCG administrada aos recém-nascidos contra a tuberculose está esgotada desde Maio. Interrupções no fornecimento da vacina têm vindo a acontecer nos últimos anos. A Direcção-Geral da Saúde procura agora novas soluções.

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Em Portugal a imunização contra o sarampo faz parte do Plano Nacional de Vacinação Foto: Paulo Ricca

A vacina contra a tuberculose (BCG) está esgotada em Portugal desde Maio. A Direcção-Geral da Saúde (DGS) admite que a solução pode passar pela utilização de outra vacina, hipótese que está a analisar “em colaboração com o Infarmed e com o apoio da Comissão Técnica de Vacinação”, refere em comunicado.

Em Portugal, a vacina, que faz parte do Plano Nacional de Vacinação (PNV), é administrada à nascença nos hospitais e já não é a primeira vez que esgota durante longos períodos de tempo. Na origem do problema está o próprio fornecimento da vacina BCG, já que é um único laboratório público dinamarquês que fornece todo continente europeu. Nas palavras de Graça Freitas, subdirectora-geral da Saúde, isto resulta num “problema comum em todo o mundo”.

Graça Freitas explicou ao PÚBLICO que a vacina é de difícil produção: “É feita em meio de cultura, por isso, nem sempre todos os lotes se desenvolvem da mesma maneira, nem com a mesma rapidez, nem com a mesma qualidade”. Prevê-se que Portugal receba um novo lote já em Agosto, mas a subdirectora-geral da Saúde ressalva a possibilidade de atraso, “como há um grande controlo de qualidade e segurança, há lotes que não vingam, nunca é certo”.

Dado que a incidência da tuberculose em Portugal tem vindo a diminuir, descendo também o risco de transmissão da doença na comunidade, em comunicado, a DGS garante que “esta situação não constitui um risco para a saúde pública”, já que “a prevenção e o controlo da tuberculose baseiam-se em várias medidas, além da vacinação de recém-nascidos”. A vacinação contra a tuberculose é só uma das muitas medidas de controlo da doença, mas não é a principal. A Subdirectora-geral da Saúde explica que o importante é o rastreio e a detecção precoce.

Embora em Portugal seja prática a vacinação à nascença, o mesmo não acontece em toda a Europa. Em países de baixo risco de transmissão da doença, como por exemplo o Reino Unido, em que existem menos de 20 casos por 100 mil habitantes, a vacina não é administrada e Portugal está muito próximo desses números.

Graça Freitas admite que a DGS também está a estudar a possibilidade de retirar a vacina do PNV.  “Há um grupo de especialistas que está a ver qual é a melhor estratégia, com muita calma e muita segurança”, mas é algo que “vai com certeza acontecer no futuro”, referiu. Caso a vacina seja retirada do PVN, passa a ser administrada apenas a grupos de risco, alertando-se para a necessidade de rastreio principalmente “em locais de tuberculose activa”, realça.

Apesar destes constrangimentos, a DGS lembra que as coberturas vacinais têm-se mantido elevadas: “Em Dezembro de 2014, cerca de 95% das crianças nascidas nesse ano estavam vacinadas”. Mas, por agora, as crianças que ainda não foram inoculadas, devido às interrupções a que se tem assistido nos últimos anos, serão chamadas aos centros de saúde e vacinadas assim que a BCG se encontrar disponível. É permitido e aconselhado fazê-lo desde que durante os primeiros 12 meses de vida. A subdirectora-geral da Saúde assegura que “os riscos são muito baixos” e aconselha os pais das crianças que ainda não foram vacinadas a “fazer a sua vida normal e ter os mesmos cuidados que teriam com qualquer outra criança”.

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