Mined Soil e Maria do Mar vencem o Curtas 2015 em português

Apenas pela terceira vez na história do festival, é uma curta nacional a ganhar o grande prémio em Vila do Conde.

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Uma exploração mineira de ouro liderada por uma firma canadiana no Alentejo é o ponto de partida para a viagem que Mined Soil propõe
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Maria do Mar, escrita e realizada por João Rosas, é a curta que conta a história da educação sentimental de um adolescente de 14 anos durante umas férias de Verão

Para surpresa geral, é uma curta-metragem portuguesa a grande vencedora da Competição Internacional do Curtas Vila do Conde. O júri escolheu Mined Soil, da artista portuguesa radicada em Berlim Filipa César, como melhor filme entre os 54 títulos mostrados a concurso nas competições nacional e internacional.

Maria do Mar, de João Rosas, recebeu o prémio de melhor filme da Competição Nacional, tendo ainda sido galardoados Rampa, de Margarida Lucas, Beach Week, de David Raboy, Bär, de Pascal Flörks e Mynarski chute mortelle de Matthew Rankin. Kung Fury, de David Sandberg, e Amélia e Duarte, de Alice Guimarães e Mónica Santos, receberam os prémios do público.

É apenas a terceira vez, em 23 anos de Curtas, que um filme português é o grande vencedor do festival: Filipa César junta-se a Jorge Quintela (cujo Carosello recebeu o prémio máximo em 2013) e a João Nicolau (galardoado em 2006 por Rapace). Parte de um projecto multimédia desenvolvido ao longo dos últimos três anos, Mined Soil liga o passado e o presente através da construção e erosão da memória histórica simbolizada pela ciência do estudo do solo. Uma exploração mineira de ouro liderada por uma firma canadiana no Alentejo é o ponto de partida para uma viagem que retorna ao trabalho como agrónomo do combatente pela independência da Guiné Amílcar Cabral.

Maria do Mar, a história da educação sentimental de um adolescente de 14 anos durante umas férias de Verão, escrita e realizada por João Rosas, foi considerada a melhor curta do concurso nacional, enquanto a estreante Margarida Lucas recebeu o prémio de realização por Rampa, o mais equilibrado dos primeiros filmes apresentados a concurso, sobre uma jovem forçada a lidar com a sua mudança para uma nova casa e um novo ambiente.

O júri, composto pela jornalista Alexandra Zawia, pelo produtor Grégory Bernard, pelo realizador Lois Patiño, pelo programador Paolo Manera e pelo escritor Pedro Mexia, premiou assim aqueles que foram para nós os melhores títulos apresentados na competição nacional, vista geralmente como a “jóia da coroa” do Curtas. 

O certame foi este ano dedicado a Manoel de Oliveira. “Padrinho” do festival, o cineasta que morreu em Abril foi homenageado com uma pequena exposição de fotografias. Na cerimónia de encerramento, foi ainda projectada a sua curta Romance de Vila do Conde, rodada em 1965 com o poeta José Régio mas terminada apenas em 2008.

Os outros internacionais
Entre os 35 títulos do concurso internacional, o mesmo júri atribuiu igualmente quatro outros prémios. A melhor ficção foi Beach Week do americano David Raboy, curta paredes-meias com o fantástico sobre um misterioso desaparecimento durante uma semana de férias; o melhor documentário foi Bär, onde o alemão Pascal Flörks encena a memória do seu avô substituindo-o nas fotos de família e de arquivo por um urso pardo. 

O galardão de animação coube a Mynarski chute mortelle, onde o canadiano Matthew Rankin explora a última missão de um aviador morto na Segunda Guerra Mundial. Finalmente, a nomeação do Curtas para a melhor curta-metragem europeia nos Prémios Europeus de Cinema foi entregue a Kung Fury, pastiche/paródia do cinema trash da década de 1980 dirigida pelo sueco David Sandberg.

Kung Fury foi igualmente o vencedor do Prémio do Público votado pelos espectadores do Curtas, no âmbito do concurso internacional. Amélia e Duarte, a animação em stop-motion da dupla Alice Guimarães e Mónica Santos, foi o melhor filme nacional para o muito público que afluiu às sessões (os números finais de espectadores não estavam ainda disponíveis, mas a organização apontava para um valor superior aos 20 mil de 2014).

Os filmes premiados serão ainda exibidos na noite de domingo na sala 2 do Teatro Municipal, às 20h, 21h45 e 23h30.
 

Palmarés

Competição Internacional

Grande Prémio – Mined Soil de Filipa César (Portugal/França)

Melhor Curta de Ficção – Beach Week de David Raboy (EUA)

Melhor Curta Documental – Bear de Pascal Flörks (Alemanha)

Melhor Curta de Animação – Mynarski chute mortelle de Matthew Rankin (Canadá)

Melhor Curta Europeia – Kung Fury de David Sandberg (Suécia)

Competição Nacional

Melhor Filme - Maria do Mar de João Rosas

Melhor Realização – Margarida Lucas por Rampa

Prémio Canal Plus – Amélia e Duarte de Alice Eça Guimarães e Mónica Santos

Competição Experimental

The Dent de Basim Magdy (Egipto)

Take One! (filmes de escola)

Bétail de Joana de Sousa

Curtinhas

The Present de Jacob Frey (Alemanha)

Videos Musicais

Movin' Up dos X-Wife, realização de André Tentúgal

Prémios do Público

Competição Internacional – Kung Fury

Competição Nacional – Amélia e Duarte

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