Hipermercados venderam 28% do combustível comprado pelos consumidores

Bombas das grandes superfícies mantiveram nos últimos dois anos uma quota entre os 25% e os 30% do mercado de consumo privado.

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Subida inicial do imposto fez subir gasolina e gasóleo em seis centîmos Fernando Veludo/Nfactos

As bombas de abastecimento dos hipermercados representaram 28% de todo o combustível comprado por consumidores privados no primeiro trimestre deste ano, um período em que a compra de gasóleo e gasolina aumentou, apesar de o sector ter visto a facturação descer.

Os dados são de um estudo feito pela consultora Kantar para a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), que tem entre os associados os maiores grupos de hipermercados.

Já em termos de facturação, a quota dos hipermercados neste mercado é de 27%. Tanto no que diz respeito ao volume de negócio, como à quantidade de combustível vendida, os valores colocam o conjunto destes postos ligeiramente acima da gasolineira que é a líder do sector: a Galp, segundo a Kantar, tem uma quota de 26% do mercado de consumo privado, tanto no volume de venda, como na facturação.

Os números mostram também que a quota de mercado dos hipermercados se tem mantido estável nos últimos dois anos, oscilando, no que diz respeito ao volume de combustível comercializado, entre um pico de 30% (no primeiro trimestre de 2013) e um mínimo de 25% (no terceiro trimestre do ano passado). 

“Este é um mercado muito disputado”, afirmou a directora-geral da APED, Ana Isabel Morais, durante a apresentação do estudo, em Lisboa, lembrando que os preços mais baixos praticados pelas bombas dos seus associados são suportados “por um modelo de negócio diferente” do das gasolineiras.

Para além de não terem outros serviços associados, os postos de abastecimento dos hipermercados servem também como chamariz de clientes para as lojas e dão oportunidades de vendas cruzadas. De acordo com os dados da APED, o preço médio por litro, combinando a gasolina e o gasóleo, foi, nos primeiros três meses do ano, nove cêntimos inferior ao praticado pelas empresas petrolíferas. As gasolineiras, por seu lado, têm argumentado que a diferença de preços nas tabelas não é a real, uma vez que muitos dos seus clientes beneficiam de promoções e descontos.

O estudo indica ainda que os consumidores privados estão a conseguir comprar mais combustível com menos dinheiro. No total do trimestre, as vendas de gasolina e gasóleo totalizaram 717 milhões de euros, uma descida de 86 milhões em relação a 2014, correspondentes a uma quebra de quase 11%. No entanto, foi observado um aumento de 2% na quantidade vendida, reflectindo uma redução dos preços em termos anuais.

Em média, cada consumidor abasteceu sete vezes entre Janeiro e Março (contra 7,5 vezes no mesmo período de 2014), embora tenha posto mais combustível de cada vez: 22,77 litros por compra, 10% acima do ano anterior. O preço médio recuou 12,5%.

O período analisado pela Kantar corresponde aos primeiros meses após a publicação de uma lei que obriga a maioria dos postos a vender combustível sem aditivos, numa tentativa de reduzir os preços. No entanto, a lei só começou a produzir efeitos em meados de Abril e foi nessa altura que a generalidade dos postos fez as alterações necessárias.

A inclusão de aditivos é, contudo, apenas um dos elementos a influenciar o custo dos combustíveis, a par de factores como a cotação do euro e o preço da matéria-prima. Depois de uma quebra nos últimos meses do ano passado (na sequência da redução abrupta do preço do petróleo), a tendência nos últimos seis meses tem sido de subida. De acordo com dados da Direcção Geral de Energia e Geologia, o gasóleo no território continental custava, em média, 1,14 euros em Janeiro. Nesta quarta-feira, o preço era de 1,27 euros. Já a o litro de gasolina 95 tinha um preço médio de 1,32 euros, estando agora em 1,56 euros.

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