NOS Alive arranca com lotação esgotada para acolher os Muse

55 mil pessoas são esperadas esta quinta-feira no Passeio Marítimo de Algés para ver a banda de Matt Bellamy. Nos dias seguintes, Prodigy, Chet Faker ou The Jesus & Mary Chain concentram atenções.

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Os últimos preparativos do festival que começa quinta-feira e decorre até sábado NUNO FERREIRA SANTOS
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O recinto prepara-se para uma enchente na noite de Muse NUNO FERREIRA SANTOS
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São esperadas mais de 40 mil pessoas em cada dia do evento NUNO FERREIRA SANTOS

No Passeio Marítimo de Algés está tudo preparado. Estão preparados os seis palcos, entre os quais, além dos clássicos em qualquer festival, se incluem um no pórtico de entrada, outro num coreto dedicado a uma selecção de bandas independentes nacionais e outro ainda, o da comédia, onde se apresentarão vários humoristas portugueses. Já estarão preparadas as zonas de restauração e aquelas preparadas para acolher as iniciativas engendradas pelos patrocinadores.

Nos bastidores, estarão a preparar-se para receber as dezenas de bandas que animarão o público ao longo de três dias, alguns dos cinco mil trabalhadores que o NOS Alive emprega para que o festival nasça. Entre elas, nesta edição, há uma que se destaca. Os Muse, cabeças de cartaz do primeiro dia e, neste momento, uma das mais célebres e bem-sucedidas bandas rock do planeta. Apesar da presença, no mesmo palco, dos Alt-J, o trio britânico que se transformou em fenómeno após a edição do álbum de estreia An Awesome Wave, em 2012, ou do velho conhecido Ben Harper, o grande responsável pela lotação esgotada no arranque do festival (são esperadas 55 mil pessoas) será o trio liderado por Matt Bellamy, formado há 21 anos em Teignmouth, Inglaterra.

Os Muse acabam de editar Drones, ambicioso álbum conceptual que, em modo ópera-rock sci-fi, se apresenta como denúncia da vigilância tecnológica estatal sobre os cidadãos. Não se espere, porém, que o tom negro do disco e toda a sua narrativa sejam transpostos para o concerto. Quando, às 00h10 Matt Bellamy, o baixista Christopher Wolstenholme e o baterista Dominic Howard irromperem em palco, o público terá direito a uma viagem pela carreira da banda, com novas canções como Dead inside a serem acompanhadas por clássicos como Plug in baby, Hysteria, Supermassive black hole, Starlight, Map problematique ou Time is running out, incluídas nos recentes alinhamentos de festival da banda.

Para além dos clássicos, será de esperar também um elaborado aparato cénico, inevitável numa banda que há muito assumiu as grandes arenas e os imensos palcos principais dos festivais como habitat privilegiado. O trio defende que, musicalmente, Drones representa um regresso ao processo de composição no início de carreira, “quando éramos mais como uma banda rock de três elementos com baixo, guitarra e bateria”, como afirmou Matt Bellamy à Rolling Stone. Mas esse despojamento não terá certamente equivalência no cenário: são de esperar explosões de pirotecnia, intrincados jogos de luzes e vídeos hi-tech exibidos nos ecrãs – já é menos provável que os espectadores sejam sobrevoados por drones, tal como idealizado por Bellamy anteriormente à digressão que traz os Muse ao NOS Alive (talvez sejam vistos nas datas americanas que surgirão mais à frente). Não podia ser de outro modo. Drones já atingiu o topo das tabelas inglesas e, pela primeira vez, americanas, e ascendeu igualmente a número 1 em muitos outros países, entre eles Portugal. Os Muse podem ter posto um travão às experiências de The 2nd Law e Resistance, os álbuns anteriores, para rockarem à antiga, mas nunca serão banda discreta. Muito menos agora.

A banda Matt Bellamy está, porém, longe de ser destaque único pairando sobre os demais. O NOS Alive, que teve primeira edição em 2007, é uma máquina bem oleada que se apresenta como panorâmica abrangente do cenário musical actual, com especial incidência nos nomes vindos do Reino Unido, reflexo porventura do protagonismo que ganhou nos últimos anos entre o público e imprensa britânicos, entusiasmados tanto com os cartazes como com o clima, os preços e as praias nas proximidades (são esperados cerca de 15 mil espectadores estrangeiros, não só britânicos, naturalmente, mas também franceses, espanhóis ou alemães).

Esta quinta-feira, além dos já referidos Muse, Alt-J e Ben Harper no maior palco, destaca-se, no palco Heineken, o regresso dos Metronomy (21h25) ou dos escoceses Django Django, que vêm apresentar o seu segundo álbum, Born Under Saturn (01h40). Curiosidade também para assistir ao concerto dos portugueses X-Wife no palco NOS Clubbing, às 01h30, eles que ressurgiram recentemente de uma pausa de três anos com o single Movin’ up.

Sexta e sábado, para os quais são esperados 45 mil espectadores diários, as escolhas abundam. Amanhã, no palco NOS, o público poderá saltar do folk-rock FM dos Mumford & Sons (22h20) para o punk electrónico dos veteranos Prodigy (01h00). Poderá esperar pelo final desse concerto para ver, às 03h, no palco Heineken, o que andou a ex-Moloko Róisín Murphy a fazer nos últimos tempos (investigue-se Hairless toys, lançado em Maio), ou poderá esquecer os Prodigy e escolher as profundezas emocionais de James Blake (01h30, palco Heineken). Isto, claro, depois de já ter visto com quanto passos de dança se faz um fenómeno synth-pop chamado Future Islands (00h05).

No mesmo dia, o palco NOS Clubbing reúne três nomes em destaque, habitualmente imperdíveis, no cenário nacional: Capicua, a rapper portuense hoje indispensável no cenário hip hop (21h30); Batida, centrifugadora de cultura musical lisboeta e africana, principalmente angolana (23h45); e Moullinex, homem com groove de pista de dança e gosto pelas propriedades psicadélicas do rock, como exposto no recente Elsewhere (01h).

Na despedida, sábado, será tempo de acolher um regressado chamado Chet Faker, agora coberto de glória - foi chamado em substituição de Stromae, o músico belga que, por motivos de saúde, foi obrigado a cancelar a sua presença no festival. No ano passado, a tenda do Heineken Club transbordou para acolher o australiano nascido Nicholas James Murphy, um cantautor à século XXI que põe memórias do trip-hop e paisagens electrónicas ao serviço de uma escrita intimista. Há uma semana, esgotou o Coliseu dos Recreios em duas datas e, agora, estará no NOS Alive com as canções de Built on Glass, desta vez no maior palco do festival (23h). Será nele que actuará Sam Smith, o cantor de Stay with me (21h). Obrigado a uma paragem forçada devido a uma operação às cordas vocais, voltou a subir a palco este mês. No NOS Alive, estará junto de amigos. Os Disclosure, a banda que revelou a sua voz ao mundo ao convidá-lo para cantar em Latch, actuam no mesmo dia, no mesmo palco, três horas depois do seu concerto.

No outro extremo do recinto, vislumbraremos um passado mítico, o dos Jesus & Mary Chain, que interpretarão o seu histórico álbum de estreia, Psychocandy, às 22h35, e seremos atropelados pelo presente com os Sleaford Mods, banda que leva a palco, com a voz gritada de James Williamson e as produções cruas de Andrew Fearn, a raiva e as inquietações provocadas por uma Inglaterra, e uma Europa, em turbulência (18h30). Sábado será, de facto, um bom dia para montar arraiais no palco Heineken. Afinal, para além dos referidos, por lá passarão os Dead Combo (19h40), os Mogwai (21h10), Azealia Banks (00h05) ou Chromeo (03h).

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