Costa apela ao respeito pela "integridade da zona euro"

Líder do PS lembra que já houve outros referendos em Estados-membros e defende a continuação de negociações.

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Costa esteve reunido com os autarcas do distrito de Viana do Castelo Nuno Ferreira Santos

O líder do PS, António Costa, considerou que “o decisivo é que, qualquer que seja o resultado do referendo” de dia 5 de Julho na Grécia, que “com este ou outro plano, seja garantida a integridade da zona euro, o financiamento das economias e uma política económica que permita o crescimento, a convergência e a criação de emprego”.

António Costa considerou que “a Grécia é o trágico exemplo do insucesso da austeridade” e frisou que “na zona euro nenhum país sofreu tanta austeridade e nenhum está em pior situação”. Numa declaração publicada no Acção Socialista online, o secretário-geral do PS defendeu a manutenção da via negocial como meio de encontrar uma saída para o impasse.

“É urgente substituir o confronto entre posições radicais por uma negociação construtiva”, garante Costa, considerando que “a intranquilidade” que a Europa vive “demonstra a imprudência de quem, como o governo português, não se empenhou num acordo”, assim como “o erro estratégico de quem pensa ser possível virar a página da austeridade numa posição unilateral de confronto”.

O líder socialista assume mesmo um tom de auto-elogio ao afirmar que “aposição construtiva do PS, ao apresentar o Novo Impulso para Convergência, já aprovado pelo Partido Socialista Europeu, é o exemplo que deve ser seguido na construção de alianças à escala europeia que permitam construir alternativas no quadro do euro”.

Para Costa, “o insucesso das negociações não é uma boa notícia para a UE” e a situação de ruptura negocial “suscita necessária preocupação a quem tem uma postura responsável perante os riscos que comporta para a confiança no euro”. E fazendo uma leitura nacional, o líder socialista garantiu que “o interesse nacional, o interesse das famílias e empresas portuguesas, é fortalecer a zona euro e a capacidade de intervenção do BCE, como sempre defendeu o PS, contra a posição do Governo”.

Já sobre o referendo em si, Costa desdramatiza. “Não é a primeira vez que um Estado-membro recorre ao referendo para decidir questões” relacionadas com a União Europeia, pelo que o referendo grego deve ser respeitado “como sempre” foram respeitados outros referendos. O líder do PS sublinha ainda que “é ao povo grego que deve decidir” e que o debate deve ser respeitado “nunca esquecendo que não há divergências políticas que possam ignorar a solidariedade devida ao povo grego”.

BE acusa governos europeus de "irresponsabilidade"

Já a porta-voz do BE, Catarina Martins, desvalorizou a retirada unilateral das negociações com os credores por parte da Grécia, defendendo que a ausência de um acordo se deve, fundamentalmente, à alegada "irresponsabilidade dos Governos e da Comissão Europeia, que consideram que podem empurrar um país para fora do euro, para tornar a austeridade como a única política na Europa".

"De facto, o que está hoje em causa não é um acordo sobre onde é que a Grécia vai ter, ou não, dinheiro para pagar as suas dívidas; o que está hoje em causa é, tão e somente, se há lugar para a democracia na Europa, ou se a Europa é um lugar da ditadura da finança", disse Catarina Martins aos jornalistas, à margem de uma visita à Autoeuropa.

"Irresponsabilidade foi levar a dívida grega a mais de 200% do PIB (Produto Interno Bruto), irresponsabilidade foi ter 60% de desemprego jovem na Grécia, irresponsabilidade foi ter excluído três milhões de pessoas, na Grécia, do acesso aos cuidados mais básicos de saúde. E tudo isso foi feito pelos governos de direita e pelos socialistas na Grécia, parceiros de Jean Claude Juncker", concluiu a porta-voz do BE, citada pela Lusa.

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